Crianças com nanismo contam como é viver entre colegas mais altos
Bruno Molinero, de São Paulo / Louise Soares, Colaboração para a Folha, do Rio
Quando está na escola, Pedro Henrique Menuci, 6, passa o dia ansioso. Assim que bate o sinal da última aula, ele corre para vestir as chuteiras e dar o pontapé inicial na sua parte favorita do dia: a aula de futsal.
“Na quadra, todos são mais altos do que eu. Mas não tem problema, driblo eles mesmo assim”, conta o garoto, que nasceu com nanismo – assim como o pai, a mãe e o irmão, João Paulo, 1.
Pessoas com nanismo, ou anões, são mais baixas do que a média. De acordo com a geneticista Dafne Horovitz, na maior parte dos casos, elas recebem essa característica dos pais, assim como a cor dos olhos e a dos cabelos.
João Pedro dos Santos, 12, tem 1,10 m de altura – contra 1,50 m de média para crianças da sua idade. Judoca, ele compete com garotos de sua faixa etária (mais altos e experientes) e já ganhou medalhas. (Pedro Henrique e João Pedro são filhos da atriz Priscila Menucci)
“Percebi que era diferente aos quatro anos. Até chorei, mas hoje entendo que sou uma criança como as outras”, conta João Pedro, que é filho de mãe e pai de estatura normal.
A baixa altura não foi problema para Pedro Henrique fazer vários amigos na escola. “Gosto de todo mundo. Menos das meninas, elas são muito chatas”, diz.
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Para o psiquiatra Gustavo Teixeira, o colégio pode trazer os maiores desafios. “Quem pratica bullying busca a vítima mais vulnerável. Se a criança com nanismo tem falhas de auto-estima, acaba se tornando alvo”, diz. “Ela precisa pedir ajuda de um adulto em casa ou na escola.”
Para o dia a dia em casa, a advogada Kênia Rio, 47, sugere adaptações. “A família tem que tentar facilitar a rotina. Uma pia mais baixa e uma torneira com alavanca ajudam, por exemplo”, diz Kênia, que tem filho e neto com nanismo, assim como ela.
Fonte: Folha de São Paulo