Deficientes físicos – as pessoas estão preparadas?
Muitas empresas querem ter em seu corpo funcional alguns deficientes físicos, porém, grande parte delas não sabe como agir quando esses funcionários passam a fazer parte da rotina da corporação. Na verdade, contratar deficientes físicos é um sinal de responsabilidade social, já que muitas dessas pessoas enfrentam problemas sérios de inclusão no nosso país que, além de ainda muito preconceituoso, ainda não se adaptou estruturalmente e psicologicamente para receber pessoas com necessidades especiais em seus espaços físicos.
Infelizmente, porém, as coisas não são tão simples como parecem. Não adianta apenas ter boa vontade em contratar uma dessas pessoas para sua empresa. Ouço dezenas de executivos reclamando que falta mão de obra qualificada. Muitos dizem que é difícil encontrar profissionais deficientes que tenham capacitação suficiente. Porém, sinto-me na obrigação de informar que a dificuldade em encontrar pessoas que atendam nossas exigências, hoje em dia, independe se ela precisa de algum cuidado especial. (Faça o teste e saiba se a sua empresa está preparada para receber PcD)
Há muitos profissionais deficientes físicos excelentes, sim, e dar oportunidade a eles é uma atitude excelente tanto para a empresa, quanto para a pessoa contratada.
Superada a questão da mão de obra escassa, ao receber um profissional deficiente físico é preciso tomar uma série de precauções. A primeira eu diria que é a conscientização que deve ser feitas com os profissionais que já estão na empresa. É preciso que eles saibam lidar com uma pessoa que, porventura, possa vir a precisar de auxílio. É fundamental que todos sejam bem orientados para que ajam com zelo e educação com aquela pessoa que, em alguns momentos, certamente precisará de uma ajuda. Acredito que não preciso nem comentar sobre os apelidinhos de mau gosto, que chamam atenção para peculiaridades do colega de trabalho. Isso é uma atitude extremamente repugnante e que não deve ser feita com ninguém dentro da empresa, pior ainda se for feito em zombaria de um problema que essa pessoa tem.
O segundo passo, e o que considero mais complicado para alguns empresários, é a adaptação de todo o espaço físico para dar conta de receber bem esses profissionais. É preciso levar em consideração que cada um precisa de um ajuste diferente. O cadeirante, por exemplo, precisa de espaços amplos, portas largas, rampas, e uma série de outras adaptações peculiares a eles. Já outro deficiente que use muletas precisará de outra série de adaptações. Os profissionais com deficiência auditiva, precisarão de pessoas que saibam se comunicar com a linguagem dos sinais. E os deficientes visuais precisarão ter documentos em braile para poder auxiliar qualquer cliente e/ou colega de trabalho.
Independente de qual é a necessidade especial do profissional que você pretende contratar, cada um deles precisará de investimentos diferentes. Por isso, antes de fazer uma contratação, adapte-se. Muito pior será receber alguém sem poder lhe oferecer condições dignas de trabalho.
Há outra infinidade de aspectos que precisam ser levados em conta em relação a esse tipo de contratação, mas, de forma alguma essas adequações devem servir de empecilho para contratá-los, pelo contrário. Quem os vê como pessoas normais e capazes como outras quaisquer, não pode encontrar nessas adaptações nenhum desafio. Até porque, convenhamos, desafio é o que cada um eles encara diariamente pelos locais por onde vão.
Por fim, sinto-me na obrigação de lembrar que ter o rótulo de empresa responsável socialmente não pode ser o que norteia essa decisão. Quem toma uma atitude dessa por obrigação, só tende a fazer as coisas da forma mais tortuosa possível. É como ajudar uma pessoa com deficiência visual a atravessar uma rua. Ninguém é obrigado a ajudar, mas quem reconhece a importância disso e ajuda com vontade, faz da forma certa. Já, quem se sente obrigado a fazer e encara isso de forma penosa, fará tudo errado.
TESTE
Sua empresa está preparada? Veja abaixo algumas ações importantes de realizar em sua empresa para contratação de profissionais portadores de deficiência. Verifique se sua empresa está apta a recebê-los.
1. ( ) Acesso para cadeiras de rodas, tais como rampas, elevadores, espaço para circulação entre as estações de trabalho, piso antiderrapante e portas largas.
2. ( ) As pessoas estão preparadas (orientadas) para lidar com diferentes tipos de deficiência.
3. ( ) Portas largas para permitir acesso a cadeiras de rodas.
4. ( ) Portas de correr para facilitar o acesso de deficientes físicos e evitar acidentes.
5. ( ) Extintores de incêndio próximos ao chão para facilitar o alcance de pessoas em cadeiras de rodas ou de baixa estatura.
6. ( ) Piso com faixa tátil de orientação para deficientes visuais.
7. ( ) Computadores com softwares próprios para a utilização por portadores de deficiência visual.
8. ( ) Programação visual explícita e clara para atender ao portador de deficiência auditiva.
9. ( ) Informações em Braille.
10. ( ) Móveis e arquivos acessíveis ao cadeirante e pessoas de baixa estatura.
11. ( ) Banheiros adaptados para serem utilizados por cadeirantes.
12. ( ) Pessoas habilitadas na linguagem de libras para comunicar-se com deficientes auditivos.
13. ( ) A sua empresa acredita que uma pessoa portadora de deficiência é tão produtiva quanto os demais profissionais.
14. ( ) Fazendo uma análise geral da sua empresa, você acredita que uma pessoa portadora de deficiência consegue se locomover e trabalhar com autonomia.
DICAS
– Antes de contratar alguém, independente se possui algum tipo de deficiência, pense nas implicações que surgirão. Não entre numa situação que você não será capaz de atender;
– Entenda que todos somos iguais e com capacidades semelhantes. Não é uma deficiência na visão, audição, locomotora, ou seja lá o que for, que nos deixa menos competentes. Tudo isso depende, na verdade, da vontade de cada um;
– Cuide com a forma que você trata as pessoas a sua volta. Se ela necessitar de ajudas especiais, ajude. E não espere nada em troca. Ajude porque tem vontade, e não por obrigação
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/
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Olá Vera!
Por tudo isso que você escreveu acima, ainda acho que a inclusão deve ser amparada pelo governo assim como é na Argentina. As pessoas não "nascem sabendo" como lidar com as questões da deficiência e é por isso que precisamos de profissionais sensíveis e preparados para incluir as pessoas. A questão perpassa as barreiras arquitetônicas, como muitos acreditam. O que precisamos é equiparar as oportunidades que, do meu ponto de vista, não basta só a lei de cotas, é preciso muito mais.
abs
Taísa Ferreira
É isso mesmo, Taísa. Você disse tudo.
Se todo cidadão independente de cor, raça, deficiência, ou qualquer outra forma de discriminação fosse tratado de forma igualitária com oportunidades de ter acesso a moradia, trabalho, educação, lazer…com certeza mudanças profundas ocorreriam.
Obrigada pelos comentário, sempre muito pertinente!
Abraços!
Oi, Vera!
Tem um tempinho que tento entrar no mercado de trabalho e, minha amiga, que tarefa árdua, pois por mais que aja coscientização de empresários, adaptações de ambientes e também dificuldades por eles entrentadas, o fato de eu ser tetraplégico impede, trava o mercado. Assim estou me adaptando também e se minha facilidade é na área de informática é por aí que vou.
Nós, deficientes também devemos correr atrás e não esperar cair do céu.
Grande abraço.
Concordo com você, Angelo. Não dá para ficar só esperando, é preciso batalhar também.
Espero que as portas do mercado se abram para você!
Abraços!