Deficientes físicos relatam demora na doação de cadeiras de rodas
Saúde diz que equipamentos motorizados estão em falta desde julho. Programa integra política do SUS; atleta diz esperar há três anos.
Deficientes físicos do Distrito Federal denunciam atrasos na entrega de cadeiras de rodas pela rede pública de saúde. De acordo com eles, as doações não ocorrem há mais de um ano. A Secretaria de Saúde diz que a distribuição não foi suspensa, mas que os modelos e tamanhos mais requisitados estão em falta desde junho. Em média, cem pacientes recebem equipamentos por mês. O programa integra uma política do SUS.
A atleta Fabíula da Silva, de 30 anos, conta que já deu entrada no pedido para uma cadeira de rodas motorizada há pelo menos três anos na Secretaria de Saúde. Segundo ela, a pasta não informa o motivo da demora, apenas diz, que quando o utensílio chegar, ela será avisada.
“Estou na cadeira de roda há 11 anos. Estava em um rio quando um menino desceu no escorregador e caiu em cima de mim. Por eu ser tetraplégica uma cadeira motorizada seria essencial”, disse.
O custo de uma cadeira motorizada, de acordo com a secretaria, é de até R$ 4,9 mil.
“Hoje consigo me locomover com uma cadeira de rodas normal, mas preciso urgentemente da motorizada. Ela me ajudaria a ir em locais de difícil acesso sozinha e me faria ter mais comodidade no dia a dia e também nos treinos.”
Por nota, a Secretaria de Saúde esclarece que a distribuição de cadeiras de rodas por meio da Gerência de Órteses e Próteses, localizada na estação do Metrô 114 Sul, não foi interrompida. A pasta diz estar elaborando o processo de compra, que inclui todos os tipos de cadeira que são oferecidos na rede pública. A entrega dos materiais ocorre de acordo com a disponibilidade do equipamento no local de distribuição.
“Não há como mensurar todos os tipos de cadeiras, uma vez que elas são feitas sob medida para cada paciente. O modelo mais simples custa R$ 570 e o modelo motorizado custa R$ 4.950”, informou a secretaria.
Um comerciante que pediu para não ser identificado, de 42 anos, disse que está há pelo menos dois anos na fila de espera para uma cadeira de rodas de modelo simples. Ele conta que já foi três vezes até a gerência de Órteses e Próteses e que foi informado que há um processo de compras de aparelhos do tipo.
“A minha cadeira já está velha e conto todos os dias para ganhar uma nova. Dependo disso para o meu trabalho, sou comerciante e é imprescindível que consiga me locomover com mais rapidez”, declarou.
Para receber o equipamento, o paciente deve comparecer ao local [114 Sul], onde será atendido por um médico especialista na área, que irá tirar dúvidas e avaliar o caso. No mesmo local são tiradas as medidas do paciente, que pode receber a cadeira, se houver naquele momento uma que se adeque à sua necessidade. Não havendo, é feita a compra, explicou a secretaria.
A pasta disse que não há como informar a data específica para novas compras “por [o processo] estar em andamento e na fase de elaboração”.