Depoimento de um cadeirante desrespeitado e humilhado em vagas preferenciais
Caro leitor,
Recebi esse depoimento do leitor Roni Oliveira, do Estado de São Paulo e cadeirante há seis anos. Nesse depoimento, ele debafa e ao mesmo tempo denúncia, o desrespeito em relação às vagas de estacionamento preferenciais, assim como, o abuso de autoridade da polícia militar. Ele foi muito categórico, quando disse que já passou várias vezes pela mesma situação relatada abaixo. A reprodução do texto segue o original.
“Olá, meu nome é Roni Oliveira e eu gostaria de relatar um fato muito comum, mas que ainda não foi bem divulgado. Como deficiente físico (paraplégico) dependendo de cadeira de rodas e dirigindo meu próprio veículo, tenho tido muitas dificuldades quanto a estacionar meu carro em lugar que seja possível, minha transferência para a cadeira e vice-versa. Sei da lei que coloca regras para vagas, principalmente em lugares privados resolução 304 (lei número 9.503 23/11/1997 conforme decreto nº4.711 29/05/2003 e também da lei federal nº 10.098, 19/12/2000) e da NBR 9050, que regulamenta como deve ser estas vagas, ótimo até ai. Mas como fazer valer estes meus direitos sem passar constrangimentos e dificuldades, porque da última vez que procurei esta informação, fui aconselhado a chamar a polícia militar, haja visto que os agentes de trânsito não tem poder sobre um local privado e mesmo que tivesse, como arrumariam uma vaga naquela hora, sem a necessidade de primeiro localizar o responsável pelo estabelecimento e pedir pra que ele localizasse o dono e pedisse para que ele tirasse o veículo.
Pois se trata de uma lei e não de uma gentileza, sem contar que se torna um transtorno sair do meu carro (muitas vezes nem tem como) fazer tudo isso e depois voltar a entrar nele e colocá-lo na vaga. Se eu conseguir um lugar que seja de fácil acesso pra mim, não preciso mais daquela vaga, e também as pessoas não vão entender nunca que não podem estacionar ali. Já pensou, se a lei do cinto de segurança só pudesse ser aplicada pelos órgãos competentes e através de pedido, o policial parava o carro e pedia pra que ele colocasse o cinto e ficasse por isso mesmo? Jamais a lei iria funciona. Ele vai pensar coloco meu carro aqui e se aparecer um deficiente, alguém irá me procurar e tudo bem.
Bom, aonde eu quero chegar? Tentei mostrar um pouquinho do problema pelo qual eu muito outros passam, só que das vezes que eu chamei a polícia para resolver este problema, eu sempre fui hostilizado, porque eles falaram que não é da competência deles resolverem este problema e que eu devia procurar a pessoa ou o responsável pelo estabelecimento e solicitar a retirada do veículo. Eu sou leigo no assunto, mas pensando comigo, pra que serve a lei se não existe um órgão que se faça com que ela se cumpra, e que eu continue dependendo da consciência das pessoas, coisa que nós sabemos que a maioria não tem, e quando digo maioria, não é força de expressão não. Resumindo, gostaria de saber se a polícia tem ou não tem o dever de nos dar a assistência nestas ocasiões, porque vou falar uma verdade, eles ficam bem nervosos quando chegam e vêem do que se trata a ocorrência, chegando a chamar a gente de encrenqueiros.
Nesta segunda-feira fui à caixa de SBC e tinha umas motos paradas na minha vaga. Ao avistar o segurança pedi pra ele falar para os motoqueiro tirarem as motos. Quando saiu um motoqueiro de uma das vagas, o segurança falou pra eu estacionar mais pro lado, expliquei que se eu fizesse isso estaria ocupando duas vagas e correndo o risco de outra moto parar do lado e eu não ter como entrar no carro depois. Então ele me mandou “se virar”, falei que ia chamar a polícia, ele falou que eu podia chamar quem eu quisesse, chamei e fiquei esperando por 30 minutos e as motos continuavam lá. Quando chegaram, expliquei o caso para o policial, ele me falou que não tinha tempo a perder com estas ocorrências, se eu já tinha falado com o gerente, (lembrando que eu sou cadeirante e o banco tinha uma rampa de dois lances pra subir), falei que se eu deixasse o carro em qualquer lugar para ir até o gerente, quem ia levar uma multa era eu, e que já tinha avisado aos motoqueiros que me mandaram se virar, ele me disse que este problema não era da policia, isto já tinha acontecido outras vezes, só que quando eu falava da lei, mesmo contrariados os policiais tomavam uma atitude, porém este se ofendeu e começou a falar em tom arrogante e alto comigo, que ele tinha coisa mais importante pra resolver. Ao insistir ele pediu minha identificação e fez algumas anotações, e quando ele foi saindo eu pedi a dele, com muita arrogância ele destacou da tarjeta com sua identificação, quase bateu com ela na minha cara e perguntou se eu queria ela pra mim, falei que ia dar queixa dele, ele falou que eu podia e que tinha um DP ali perto, ai eu falei que ia no batalhão, já dentro da viatura ele falou que eu podia ir onde eu quisesse, e até me citou o endereço do batalhão, e ali eu fiquei sem se quer ter a coragem de olhar pra cima, entrei no meu carro e fui ao batalhão e fiz a declaração da ocorrência ao comando. Porém tenho a impressão, que só tive o trabalho de ficar lá por três horas relatando o fato e que nada vai ser feito
P.S. Eu possuo o DEfis “documento emitido pelo CET, DSV, e DENATRAN que me permite usar as vagas reservadas para deficientes físicos”.
Veja também nesse blog:
Câmera grava briga por vaga em estacionamento no RS (vídeo)
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Por quantos enfrentamentos pessoais e agressões teremos que passar até que providências sejam tomadas, a fim de garantir nossos direitos?
Percebe-se através do relato de Roni, que ninguém quer se comprometer, procuram de vez em quando, encontrar uma saída a fim de não haver conflito entre as pessoas envolvidas. Não precisamos de um "quebra-galho", precisamos que o cumprimento da lei seja definitivamente assegurado.
De que adianta a criação de uma lei, se não há, efetivamente, fiscalização e punição. Afinal, quando as autoridades competentes começarão a agir?
Esses "se vira" são a expressão mais usada em todo lugar para resolver o problema. Com motoqueiros então é impraticável a falta de educação, há risco até de briga e enfrentamento mais sério já que imediatamente junta-se uma turma quando você faz qualquer coisa envolvendo essa corja. Em frente à uma associação de apoio aos portadores de necessidades especiais de BH existem 2 ou 3 vagas se não me engano, e ao lado existe também uma divisão qualquer da PM. Adivinhe quem ocupa as vagas? Sim, os PMs. E como chamar a polícia nesse caso, para que ela faça a ocorrência?
Isso tudo é vergonhoso!
Isso que os milicos fizeram tem nome: PREVARICAÇÃO. Deveriam ser expulsos da corporação.
meu filho é cadeirante, estava em uma festa no estancia alto da serra em que a empresa que trabalho realizou no final do ano de 2010.no local que esta acontecendo o show com musicas ao vivo aconteceria logo apos o sorteio de premios.só que detalhe: Neste local do sorteio nao existe em hipotese nenhuma acesso para cadeirante.E como nao exixte acesso para cadeirante eu e meu filho estava em outros lugares do clube aproveitando de outra maneira a festa , momentos após fiquei sabendo que fui sorteado com o premio de uma geladeira. E que teria apenas uns dois minutos para chegar até o local . MEus colegas na hora avisaram o organizador do clube da empresa em que trabalho, más ele nao quis saber e fez outro sorteio. Ficamos todos indignados com esta atitude . E digo não pelo premio más pela falta de respeito.
Que absurdo isso! Uma verdadeira crueldade e descaso!
Eu não sou deficiente graças a deus. Mas ver essas coisas me faz ser um deles .. dóii em mim quem faz isso não é digno de Deus infelizmente … Mesmo eu não sendo deficiente ou coisa e tal. eu sofro com isso eu sofro com Bullying. As pessoas que eu pensava que eram meus melhores amigos viraram meus inimigos só pra se divertirem.. E é isso que faz a gente sentir menos vontade de viver… eu já pensei em me matar por isso mas eu lembro que eu tenho uma vida pela frente e que eu não posso jogar minha vida fora por causa de meia dúzia de pessoas quando o triplo disso quer me ver feliz. Antes eu nao sofria com isso, foi quando eu entrei em escola grande ou seja ginásio foi aumentando e por incrivel que pareça as pessoas que eu não conhecia não mexiam comigo as que eu conhecia desde peuena que mexiam.. ficavam pondo apelidos maldosos. me excluindo de tudo… Mas teve um dia que por coincidência o guarda municipal foi na escola fazer um discurso sobre o bullying e eu fikei muito feliz. Aí ele pediu a um dos meus colegas para ir lá na frente de todos e falar se já sofreu isso e como foi. ninguem quis ir… finalmente eu fui e contei a todos.. os meninos começaram a chorar.. Desde então nunca mais mexem comigo graças a deus… mas eu não queria que parassem de mexer só comigo mas sim com todas as vitimas pq ninguem merece passar por isso ninguém nem os agressores, pq deus fez a gente pra sermos felizes..! Hoje eu estou com 14 anos graças a deus e a boa vontade minha.. e eu quero sempre ajudar as vitimas do bullying…! e eu estou a disposição pro que der e vier… Brigada”..=)
Olá Jordana! Obrigada pelo depoimento! Parabéns por ter dado a volta por cima e colocar-se a disposição para ajudar outros jovens que passam pelo mesmo problema.