Acessibilidade

Desenho universal supera direitos de deficientes em empresas

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Preocupados em atender às especificações da legislação, assim como exigências de clientes, empresas têm buscado dar um passo além e aplicar o desenho universal em seus projetos arquitetônicos Foto: Dreamstime/Especial para Terra
Preocupados em atender às especificações da legislação, assim como exigências de clientes, empresas têm buscado dar um passo além e aplicar o desenho universal em seus projetos arquitetônicos Foto: Dreamstime/Especial para Terra

Preocupadas em se manter longe de problemas com a legislação – e, ao mesmo tempo, tentando atrair um público cada vez mais ciente de seus direitos -, muitas empresas têm procurado escritórios de arquitetura que atendam a demandas específicas do chamado desenho universal.

O conceito foi popularizado em meados da década de 60 nos Estados Unidos pelo arquiteto Selwyn Goldsmith. Ele vai além da legislação pela acessibilidade das pessoas com deficiência e prega o desenho de produtos e ambientes que sejam utilizáveis por todo tipo de indivíduo – crianças, grávidas, idosos, adultos, pessoas com problemas de locomoção ou outros.

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O desenho universal foca em não criar uma adaptação específica para nenhum deles. Segundo esse conceito, em vez de se projetar uma cabine de banheiro específica para cadeirantes, deve-se construir todas de forma que possam ser utilizadas tanto por esse público quanto por pessoas sem necessidades especiais. “É uma arquitetura pela acessibilidade plena”, define Camila Caruso, sócia da Desenho Universal Consultoria em Acessibilidade (Duca).

Depois de passar quatro anos na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade de São Paulo, a arquiteta especializada em acessibilidade fundou a empresa em 2009, junto com dois sócios. Desde então, o escritório vem atendendo principalmente a grandes empresas, como McDonald’s, Makro e Itaú.

Camila afirma que a Duca é pioneira em desenho universal no País e conta que cerca de 70% do público busca a empresa depois de ter algum problema com a legislação. “O número de fiscais é pequeno, mas o munícipe faz muitas reclamações, tanto ao governo, quanto à loja”, conta.

A Duca trabalha tanto oferecendo consultoria a equipes de arquitetura responsáveis por grandes projetos quanto diretamente na elaboração de adaptações e na criação de edifícios inteiros. “Em muitos casos, trabalhamos como um serviço complementar, como se desenvolvêssemos a parte elétrica ou hidráulica”, explica Camila.

A unidade do McDonald’s da Rua Henrique Schaumann, em São Paulo, foi desenvolvida inteiramente pela Duca. O edifício atende à legislação pró- acessibilidade, mas tem algumas preocupações que extrapolam suas exigências, como um mapa em braile do local.

Exigências legais

O vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Pedro da Luz Moreira, que também é professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que tem observado uma maior pressão do poder público em prol da acessibilidade. Desde 2004, a Lei da Acessibilidade obriga os empreendimentos arquitetônicos a se adaptarem às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por exemplo.

“O programa Minha Casa Minha Vida inclui uma porcentagem de moradias populares adaptadas para cadeirantes. Há também uma portaria do governo federal que exige que se implante em edifícios públicos a acessibilidade universal”, completa Pedro.

Eventos esportivos

As obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e de Olimpíadas de 2016 têm sido acompanhadas de perto por certa parcela do público: 46 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência locomotiva, auditiva, visual entre outras. Com o objetivo de discutir a acessibilidade aos novos estádios, metrôs, hotéis e aeroportos nacionais, está sendo organizado para os dias 11 e 13 de junho, em São Paulo, o ciclo de debates Copa For All.

Os novos eventos servem para colocar as regras nacionais à prova frente a padrões internacionais. Nos estádios que estão sendo construídos, a legislação do País determina o número de lugares destinados a pessoas com deficiência, enquanto que normas da Federação Internacional de Futebol (Fifa) reforçam apenas orientações quanto a procedimentos e equipamentos para a evacuação do público.

Para o vice-presidente do IAB, a nova realidade exige providências técnicas, mas também mudanças culturais e de hábitos. “Em outros países, a acessibilidade já é banalizada. Na sociedade brasileira, já é comum que se construam elevadores de acesso para cadeirantes para se adequar à lei; o problema é que muitos nunca entram em funcionamento”, diz Pedro.

Fonte: Portal Terra

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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