Desrespeito a vagas especiais dificulta locomoção de deficientes
No terceiro capítulo da série de reportagens ‘À margem da acessibilidade‘, a vida de quem possui alguma dificuldade de locomoção e tem direito a vagas de estacionamento especiais. As dificuldades de quem tem um carro e não consegue parar nesses locais.
O símbolo de um cadeirante pintado em azul e branco indica que a vaga é exclusiva para pessoas que possuem alguma dificuldade de locomoção. O alerta costuma aparecer desenhado no chão ou em placas.
Há 15 anos, o corretor de seguros Luiz Gonzalez precisa dos espaços especiais para estacionar, depois de perder a sensibilidade na perna esquerda em um acidente no qual estava sentado no primeiro banco de um ônibus que bateu na traseira de uma carreta. ‘A deficiência não impede de dirigir, mas precisa de espaço para abrir a porta do carro’, diz.
Para entender melhor a rotina de quem tem alguma dificuldade de locomoção e tem direito a vagas de estacionamento especiais, a reportagem da CBN pegou carona com o Luiz para percorrer algumas vias da região Norte de São Paulo. Com a vaga para deficientes ocupada, a única opção era a vaga convencional, onde ele não consegue espaço para deixar o veículo.
A falta de padrão das vagas de estacionamento ajuda a explicar a dificuldade do Luiz para estacionar em determinados pontos comerciais. O tamanho dos espaços varia se o estacionamento está em paralelo ou em posições como 30 graus, 45, 60 e 90 graus. É comum, por exemplo, uma pessoa com carro grande não conseguir parar o veículo em determinados locais, justamente por causa da variação dessas normas.
As vagas preferenciais devem ter uma faixa listrada do lado esquerdo, justamente para que o motorista com dificuldade de locomoção possa abrir a porta inteira do veículo.
Em outro supermercado, havia um carro estacionado em cima deste espaço, portanto, não seria possível descer do automóvel de Luiz. Percorrendo mais um pouco a Zona Norte, outra cena de desrespeito às vagas preferenciais. Um veículo estacionou atrás de um carro parado na vaga destinada às pessoas com deficiência, o impossibilitando de sair do local.
Carro estacionado em cima de faixa listrada impede o desembarque dos motoristas deficientes
Parar em vagas especiais destinadas aos idosos e portadores de necessidades especiais é infração leve, com multa de R$ 53,20 e três pontos na carteira de habilitação. O motorista também poderá ter o veículo removido e arcar com todas as despesas do caminhão guincho e estacionamento enquanto o carro ficar apreendido.
Além do desrespeito às vagas preferenciais, há casos em que essas vagas são mal projetadas. No trajeto com o corretor de seguros Luiz Gonzalez circulamos por meia hora na região Norte e encontramos mais um obstáculo: uma vaga de estacionamento em frente a um poste, o que dificulta a entrada de qualquer pessoa.
Nos estacionamentos externos ou internos das edificações de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles localizados nas vias públicas, devem ser reservados, pelo menos, 2% do total de vagas para veículos que transportem pessoa portadora de deficiência física ou visual.
Além das dificuldades de encontrar locais adequados para estacionar o veículo, quem possui alguma restrição também se queixa da pouca quantidade de táxis acessíveis em São Paulo.
O analista de suporte técnico Christian Matsuy, de 40 anos, é tetraplégico e reclama da carência de veículos adaptados na cidade. Para conseguir um, é preciso se programar.
Da frota de 34 mil táxis da capital paulista, a Secretaria Municipal de Transportes afirmou que apenas 89 são acessíveis. Para o analista de marketing digital Paulo Oliveira, de 25 anos, que ficou paraplégico há oito, além da demora para localizá-los, um dos maiores problemas é encontrar taxistas que sabem operar os equipamentos de acessibilidade dos automóveis.
A Associação das Empresas de Táxis do Município de São Paulo rebate às críticas. O presidente da entidade, Ricardo Auriemma, justifica que os motoristas possuem qualificação para atender ao público.
O valor da corrida de um táxi acessível é o mesmo de um convencional. A única diferença é uma taxa cobrada pela rádio chamada com hora marcada, de R$ 4,50.
Para quem não tem carro ou não possui condições de pagar um táxi, a prefeitura oferece o ‘Serviço de Atendimento Especial’, conhecido como ‘Atende’. O programa transporta pessoas com deficiência física com alto grau de severidade e dependência, impossibilitadas de utilizar os meios de transporte público para a realização de tratamentos médicos, estudos, trabalho e até mesmo lazer. Esse serviço é prestado a passageiros cadastrados e conta com 369 veículos adaptados. No último mês, foram atendidas 4.592 pessoas com deficiência, que geraram 80.997 viagens programadas.
Fonte: CBN
Olá, a uns 8 meses fui diagnóstica com sarcoma em grau acentuado na coxa esquerda, após 2 cirurgias para retirada do tumor, músculos, nervos e gânglios linfáticos fui encaminhada para quimioterapia e radioterapia, meu onco me informou tudo que tinha direito e me fez o relatório, fui ao detran passei por perícia e junta médica, onde recebi o direito para compra de carro especial com desconto por conta da redução da força e mobilidade da perna esquerda, além da credencial para estacionamento em vaga especial. O fato é que sou jovem e vaidosa e não deixei a deficiência me tornar uma pessoa com cara de doente, apesar de estar afastada do trabalho, tento resolver minhas coisas, sair e tocar a vida para frente. Certa vez estacionei na vaga preferencial e coloquei a credencial no painel, qdo retornei tinha um homem fotografando meu carro e minha credencial, esse começou a me insultar, ofender e constranger, insinuando que minha credencial era falsa, dizendo que não tinha cara de deficiente, enquanto tentava explicar que eu era sim uma PNE, mais ele gritava e dizia que eu não estava em cadeira de rodas, foi constrangedor, chorei e não soube reagir na hora, sei que poderia ter chamado a polícia, o problema é que as pessoas acham que estão fazendo justiça social sem antes averiguar melhor o que estão dizendo, as vagas não são somente para cadeirantes e sim para qualquer um que tenha comprovada redução de mobilidade, sem que nos der chance de provar, muitos começam a filmar e compartilhar em rede social sem saber tudo que a pessoa chegou para estar ali, porque ela adquiriu esse direito.
Concordo com você, Joana. A sociedade tem muita pressa em julgar, criticar sem saber o que está acontecendo de fato. É vergonhoso!
Abraços