Dificuldades e desafios da família em relação a filha usuária do serviço Home Care
Minha filha Andreza com comorbidade de paralisia cerebral, devido uma broncoaspiracão e com sintomas de pneumonia, teve que ser internada após sequelas e está em regime de Home Care há quase um ano.
Para quem não sabe Home Care significa cuidado em casa. É quando o profissional da saúde indica ou libera o paciente para continuar o seu tratamento médico em sua residência. O objetivo é, principalmente, oferecer ao paciente mais conforto durante o tratamento. Entretanto não foi essa experiência que eu e minha filha tivemos como vocês podem ver abaixo.
Tudo funciona da seguinte forma, quando um paciente com alguma comorbidade necessita desse procedimento, após sua alta hospitalar, é feito o encaminhamento à sua operadora de plano de Saúde e em seguida à maioria dos procedimentos são concedidos. Alguns casos são rejeitados, nesse caso é preciso uma ação judicial de mandado de segurança para obter esse direito.
Após as escolhas dos chamados prestadores de serviço, é concedido ao paciente a alta hospitalar e ele passa a ser atendido pela Empresa contratada. Quando ocorre o contrato entre operadora e os chamados Home Care é combinado um pacote fechado para essa prestação de serviço. Entretanto, a maioria deixa a desejar, pois criam um estresse aos familiares por falta de compromisso de cumprir os combinados. Criam a maior dificuldade quando existem cobranças da parte dos familiares nos cumprimentos e tentam dificultar os pedidos em casos de procedimentos rotineiros, como por exemplo trocas de traqueostomia e GTT. Lamentavelmente não cumprem os prazos e também demonstram dificuldade nas contratações desses profissionais, chegando ao ponto de provocarem intercorrências, ou seja, de ter que chamar a emergência e ir para o hospital devido a essa negligência ao paciente, além de aborrecimento aos familiares e apreensão do corpo técnico.
Deixo aqui também registrado que a operadora depois da contratação não acompanha e não fiscaliza, deixa tudo sob a responsabilidade da família. E mais, os Homes Care não oferecem segurança de trabalho. Um absurdo!
Depois de todo o estresse para contratação dos profissionais, surgem novos problemas. Todas as vezes que um profissional da equipe de técnicos de enfermagem solicita suas folgas, mesmo comunicando aos departamentos (chamados de Escala que controlam essas captações), mesmo assim há dificuldade da empresa contratada em fazer essas substituições, e quando não consegue as captações aí aciona as stand by e força tarefa.
Quando o problema da substituição finalmente é “resolvido”, esses substitutos normalmente são avisados de última hora e chegam atrasados, consequentemente deixando os profissionais de plantões esperarem por tempo indeterminado. E isso gera muito estresse tanto aos profissionais quanto aos familiares.
Vejo muita injustiça nesse sistema de trabalho. Além do que, a maioria dos profissionais recentemente formados não têm interesse em aderir a essa informalidade. Noto também que há falta de investimento em qualificação para esses profissionais. Enfim, tudo vai se “empurrando com a barriga” por falta dessa regulamentação pelo Ministério do Trabalho que nesse governo não existe.
Para finalizar vejo uma completa falta de Interesse dos nossos parlamentares que poderiam muito bem criar um projeto de lei voltado para o regime Home Care. Fica a pergunta que não quer calar: até quando esse sistema vai continuar sem regulamentação e apoio dos órgãos públicos?
Por José Deoclécio de Oliveira