Educação Inclusiva

Educação Inclusiva: Concepções de Professores e Diretores – Parte 2

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Dando continuidade ao artigo “Educação Inclusiva: Concepções de Professores e Diretores” da doutora Izabella Mendes Sant’Ana*, segundo a autora:

“Apesar de a necessidade de preparação adequada dos agentes educacionais estar preconizada na Declaração de Salamanca (Brasil, 1994) e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Brasil, 1996)como fator fundamental para a mudança em direção às escolas integradoras, o que tem acontecido nos cursos de formação docente, em termos gerais, é a ênfase dada aos aspectos teóricos, com currículos distanciados da prática pedagógica, não proporcionando, por conseguinte, a capacitação necessária aos profissionais para o trabalho com a diversidade dos educandos (Glat, Magalhães &Carneiro, 1998). A formação deficitária traz sérias conseqüências à efetivação do princípio inclusivo,pois este pressupõe custos e rearranjos posteriores que poderiam ser evitados.

Vale destacar, porém, que a formação docente não pode restringir-se à participação em cursos eventuais,mas sim,precisa abranger necessariamente programas de capacitação,supervisão e avaliação que sejam realizados de forma integrada e permanente. A formação implica um processo contínuo, o qual, segundo Sadalla(1997), precisa ir além da presença de professores em cursos que visem mudar sua ação no processo ensino-aprendizagem. Para a autora, o professor precisa ser ajudado a refletir sobre a sua prática, para que compreenda suas crenças em relação ao processo e se torne um pesquisador de sua ação, buscando aprimorar o ensino oferecido em sala de aula.

Na inclusão educacional, torna-se necessário o envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações e programas voltados à temática. Docentes, diretores e funcionários apresentam papéis específicos, mas precisam agir coletivamente para que a inclusão escolar seja efetivada nas escolas. Por outro lado, torna-se essencial que esses agentes dêem continuidade ao desenvolvimento profissional e ao aprofundamento de estudos, visando à melhoria do sistema educacional.No que se refere aos diretores, cabe a eles tomar as providências – de caráter administrativo –correspondentes e essenciais para efetivar a construção do projeto de inclusão (Aranha, 2000).

Para Ross (1998), o diretor de escola inclusiva deve envolver-se na organização de reuniões pedagógicas, desenvolver ações voltadas aos temas relativos à acessibilidade universal, às adaptações curriculares, bem como convocar profissionais externos para dar suporte aos docentes e às atividades programadas. Além disso, o administrador necessita ter uma liderança ativa, incentivar o desenvolvimento profissional docente e favorecer a relação entre escola e comunidade (Sage, 1999; Reis, 2000).

Diante da orientação inclusiva, as funções do gestor escolar incluem a definição dos objetivos da instituição, o estímulo à capacitação de professores, o fornecimento de apoio às interações e a processos que se compatibilizem com a filosofia da escola (Schaffner & Buswell, 1999), e ainda a disponibilização dos meios e recursos para aintegração dos alunos com necessidades especiais Marchesi & Martín, 1995). Desse modo, a atuação dos administradores escolares pode ser de grande valia na tarefa de construir uma escola pronta a atender a todos os indivíduos, sem discriminação.

De acordo com a Drª Izabella, o primeiro passo para o processo de inclusão escolar é o desenvolvimento de uma cultura escolar baseada no reconhecimento, na valorização e no respeito a todosos alunos.

A participação dos familiares e da comunidade e mudanças de atitude da sociedade frente às pessoas com necessidades especiais são aspectos também essenciais para a concretização dos princípios inclusivos.

*Psicóloga, doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica – PUC, Campinas.

Texto retirado dos artigos Psicologia em Estudo, Maringá, v.10, nº 2, p.227-234, mai./ago.2005

Após esse estudo, concluimos que mudanças profundas precisam ocorrer na instituição escolar, a fim de garantir o cumprimento dos objetivos da inclusão. Toda a equipe da escola, professores, diretor e funcionários, precisam estar envolvidos no trabalho de sensibilização e conscientização, no que diz respeito a inclusão dos alunos com deficiência. Contudo, a primeira mudança deve ocorrrer na formação do professor. Os cursos de graduação, aperfeiçoamento e pós graduação precisam estar envolvidos em pesquisas sobre o ensino das pessoas com deficiência, e também é imprescindível que teoria e prática pedagógica caminhem juntas.

Veja também nesse blog:
Educação Inclusiva: Concepções de Professores e Diretores – Parte 1
Direitos da Pessoa com Deficiência e Inclusão nas Escolas – Parte 4 (LDBN)
Direitos da Pessoa com Deficiência e Inclusão nas Escolas – Parte 2 (Declaração de Salamanca)

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

2 comentários sobre “Educação Inclusiva: Concepções de Professores e Diretores – Parte 2

  • Concordo, Vera, que a primeira mudança é com relação à formação do professor, porém, nada adianta um professor capacitado, se não há recursos e estrutura adequada nas escolas para a iclusão decente dos portadores de deficiência…

    Não basta "jogar" esses alunos na escola e a professora "que se vire"…

    Sou extremamente à favor da inclusão, porém, há que se ter todos os meios e recursos disponíveis para tal…

    Beijos!

    Resposta
  • Querida Regina,

    Gostaria muito que lesse o artigo "Portadores de Deficiência: a questão da inclusão social" da professora Maria Regina Cazzaniga Maciel, Presidente da Associação do 3º Milênio – Centro de Democratização das Ciências da Informação. Publiquei estas matérias no mês de outubro. São muito interessantes e fazem referência as ações do governo. Coloquei os links logo abaixo.

    Como você, também não acredito numa inclusão, onde os alunos com deficiências são colocados na escola sem que não haja preparação na instituição escolar para recebê-los. É preciso preparação dos profissionais da escola, estrutura física, materiais e equipamentos disponíveis para que se possa fazer um trabalho digno.

    Seus comentários são muito bem-vindos e só enriquecem o blog!

    Beijos
    Vera

    Links:
    http://deficienteciente.blogspot.com/2009/10/passos-para-uma-sociedade-inclusiva.html

    http://deficienteciente.blogspot.com/2009/10/2-passo-para-uma-sociedade-inclusiva.html

    http://deficienteciente.blogspot.com/2009/10/3-passo-para-uma-sociedade-inclusiva.html

    Resposta

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