Empresa cria primeiros dedos robóticos
Empresa escocesa cria primeiras próteses de dedos do mundo, uma tecnologia que permite aos pacientes segurar objetos de até 10 milímetros.
Antes do ProDigits, lançando semana passada pela Touch Bionics, quem sofria com uma amputação parcial das mãos – ou com alguma falha congênita – tinha que escolher: estética ou funcionalidade.
Entre as duas opções, a primeira era uma prótese visualmente parecida com a mão, mas incapaz de se mover ou pegar objetos. A segunda é um implante com uma aparência nada orgânica, mas que capaz de realizar algumas funções – como ganchos ou pinças.
Devido à sutileza dos movimentos dos dedos, criar um mecanismo que possa replicá-lo é uma tarefa bastante difícil. A própria Touch Bionics já havia trabalhado com o conceito com a i-LIMB Hand, uma prótese de mão inteira, porém só este ano conseguiu produzir com sucesso implantes individuais de dedos.
“Com o ProDigits, o paciente tem uma vida normal”, diz Gaurav Mishra, Diretor Internacional de negócios da Touch Bionics. “As únicas restrições são atividades extremas, como escaladas, esqui ou esportes aquáticos. Mas cada dedo agüenta de oito a dez quilos, mais do que o suficiente para realizar as atividades do dia a dia”. Para suportar um dia de atividades, os dedos robóticos possuem uma bateria interna que deve ser carregada à noite.
Segundo a fabricante, em apenas 15 minutos de uso já é possível aprender a controlar os dedos robóticos, porém um treinamento é oferecido para aprimorar o uso. “Cada dedo tem um controle individual, um motor específico. O input vem dos músculos do próprio paciente, captados por eletrodos”, explica Mishra.
“Esse sinal do músculo vai para um software que envia uma corrente elétrica ao dedo, permitindo um movimento preciso, como pegar um item de dez milímetros”, diz.
A aparência da prótese fica a critério do paciente: ele pode optar por uma versão preta ou branca, com uma aparência robótica, ou recoberta com uma espécie de luva que imita o tom da pele.
Até agora, mais de 30 pacientes em testes já utilizaram o produto, mas a empresa espera que o número aumente ainda mais. “Já tivemos mais de 200 mil acessos ao site somente nesses poucos dias de lançamento”, diz Mishra.
Cada implante é único, feito sob medida para se adaptar especialmente a cada caso e, justamente por isso, os preços variam muito. Em média, quatro dedos ficam entre US$60 mil e US$65 mil, o que inclui a prótese, a parte clínica, a garantia de três anos e o treinamento do paciente.
“Os custos são altos pois a fabricação é bastante difícil”, diz Mishra. Por isso mesmo, apesar de contar com parceiros em mais de 30 países habilitados para implantar as mãos robóticas, a empresa ainda não realiza o tratamento para dedos fora da Escócia “As partes remanescentes das mãos são muito desiguais, e é necessário encaixar a bateria e os controles em espaços que variam muito de pessoa a pessoa”, diz.
Como todo produto pioneiro, o ProDigits ainda é inacessível a grande parte da população, especialmente pelo fato do fabricante recomendar a troca das próteses a cada 5 anos. Mas Gustav Mishra acredita que os preços não devem ser um empecilho grande. “A maioria das companhias de seguro, os sistemas de saúde do governo ou as empresas, se você sofrer um acidente de trabalho, pagam todos os custos”, diz, acostumado à realidade européia.
Fonte: http://info.abril.com.br/ (dezembro/2009)
Referência: Amputados Vencedores
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