Enfim, o deficiente SAI DO ARMÁRIO
Pensar em pessoas com deficiência, nos dias de hoje, remete-nos imediatamente ao termo inclusão social, que tem sido debatido e alardeado pela mídia como nunca havia acontecido no Brasil. Numa rápida leitura dos jornais e revistas, em um zap pelos programas e novelas televisivos, podemos observar, em muitas ocasiões, a presença dessas pessoas ou discussões sobre o tema deficiência, que eram, até há pouco tempo uma espécie de tabu social.
E os meios de comunicação, especialmente a televisão, têm exercido papel fundamental no processo de redescobrimento e inserção do deficiente em nossa sociedade. A novela global Viver a Vida, por exemplo, mostrou de maneira sóbria e consciente tudo aquilo que envolve a vida pessoal e familiar da pessoa com deficiência. A personagem Luciana, vivida brilhantemente pela atriz Aline Moraes, tem mexido sobremaneira com as emoções daqueles que possuem alguma limitação física e daqueles que convivem com estas pessoas. E o principal: tem chamado a atenção por tudo aquilo que envolve o deficiente, em todos os sentidos.
A Rede Globo informou, recentemente, que os recordistas de pedidos em sua Central de Atendimentos são os utensílios e equipamentos especiais usados pela cadeirante Luciana. Entre os objetos mais pedidos, de acordo com a emissora, está a cadeira de rodas especial, o garfo, a cadeira anfíbia, os adaptadores para pegar objetos e escrever, entre tantos outros usados pela personagem.
Em abril, tivemos ainda a Reatech, uma feira internacional que acontece há nove anos em São Paulo e que traz tudo aquilo que é de mais moderno em produtos e serviços para pessoas com deficiência. Mais de 40 mil pessoas estiveram nos quatro dias do evento, do qual eu também tive novamente a oportunidade de participar e ver de perto o grande mercado para pessoas especiais que vem surgindo em nosso país e em todo o mundo.
O deficiente e seus familiares, pelo menos a maior parte deles, já não possuem mais aquele receio de mostrar a cara e de expor suas limitações. O deficiente, seja qual for o tipo de limitação que possua, já deixou há muito tempo de ser aquele ser que ficava “escondido” dentro de casa, sem participação ativa em qualquer setor da sociedade. Passou a fazer parte e exigir o respeito a seus direitos como qualquer outro cidadão. E a sociedade passou a ver nos deficientes, que hoje representam mais de 24 milhões de pessoas no Brasil, como alguém capaz de qualquer coisa, que possui um grande potencial, dentro de suas limitações, obviamente.
O mercado automotivo, por exemplo, descobriu nas pessoas com deficiência um grande mercado consumidor, graças às isenções de impostos que têm direito. As montadoras já possuem setores especializados no atendimento deste público, tamanho o aquecimento deste setor. E a lista de produtos e serviços cresce a cada dia e o deficiente, descobre, finalmente, que pode sim e deve fazer parte da grande engrenagem social em que vivemos.
Ainda estamos no limiar de um processo que vai exigir muito esforço e trabalho por parte de todos nós. Venceremos mais este obstáculo, certamente, e as gerações futuras lembrarão destes tempos de luta com nostalgia e a certeza de que fizemos da melhor maneira a nossa parte.
*Célia Leão é deputada estadual pelo PSDB
Autor: Célia Leão*
Fonte: Jus Brasil (09/06/2010)
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