Preconceito: 'Eu só queria conhecer', diz deficiente físico barrado em shopping
Segurança teria impedido Mário de entrar no Via Verde Shopping. Superintendente do shopping nega que Mário tenha sido impedido.
Por Veriana Ribeiro
Mário William Moreira tem 44 anos e é deficiente físico. No domingo (5/5) resolveu conhecer o Via Verde Shopping, único do Acre, localizado em Rio Branco. Ao chegar no local, ele conta que foi impedido de entrar por um segurança.
Acostumado a andar sozinho pela cidade, Mário afirma que pediu para um motorista de ônibus levá-lo ao shopping. “Eu nunca tinha entrado lá, todo mundo falava e eu só queria conhecer”, conta. Chegando ao local, ele disse que entrou sozinho e foi abordado por um segurança. “O homem me barrou, não me deixou entrar “, disse.
Mário conta que retornou chateado até a parada final do ônibus e que voltou acompanhado do motorista do coletivo. “Ele foi lá comigo e aconteceu a mesma coisa”, falou. O fato deixou Mário abatido. “Muita gente me discrimina”, lamenta.
Sua mãe de criação, Lenira Gomes, de 65 anos, diz que o rapaz é lúcido e raciocina muito bem. “Ele não precisa tomar remédio e não é doido, o problema dele é apenas de coordenação motora”, afirma. A mãe conta que ao chegar em casa, Mário estava chateado.
“Ele chegou de cabeça baixa, muito triste. Ficou aqui, tomou um suco e foi dormir”, conta a mãe. Ela conhece Mário há 30 anos e começou a cuidar do rapaz depois que seu avô morreu. “Quando o avô morreu, ele pediu pra ficar comigo”, lembra.
A mãe conta que o filho de criação é totalmente capaz de andar pela cidade e que é muito conhecido entre os motoristas de ônibus. Segundo Lenira, os passeios de Mário são recomendados pelo médico. “O Mário tem que andar, se não andar, vai se atrofiar. Outra coisa, ele vai ter muita depressão, tem que sair mesmo e espairecer”, afirma a mãe.
Mário garante que os passeios pela cidade são importantes. “Eu saio para todo lugar, se ficar em casa fico doente”, diz.
Direção do shopping nega
O superintendente do Via Verde Shopping, Jean Pierre, afirma que Mário não foi impedido de entrar no estabelecimento e que o segurança abordou o rapaz para oferecer ajuda. Segundo ele, o segurança orientou que Mário poderia adentrar ao shopping, mas que seria importante a presença de um familiar. “Essa é uma orientação para qualquer um que tenha necessidades especiais. Ele entendeu que não poderia entrar”, afirma.
Pierre acredita que Mário se sentiu constrangido, mas que o shopping não pretendia impedir a entrada do rapaz. “A percepção das pessoas varia, o segurança não sabia que ele poderia entrar livremente sem estar acompanhado. O segurança foi somente prestar ajuda. O fato foi orientá-lo para que viesse sempre acompanhado de alguém”, afirma.
Fonte: G1
É ridículo isso aconter em pleno século XXI.