Fora das Paralímpiadas 2016, Fernando Fernandes desabafa contra supostos falsos paratletas
Fernando Fernandes repete queixa de dois anos atrás contra atletas que fingem deficiências e dispara: “Meu sonho paralímpico de anos foi por água abaixo”
Fernando Fernandes tinha o sonho de disputar um Jogos Paralímpicos e chegou perto de ter essa oportunidade no Rio 2016. Participante da terceira edição do reality show Big Brother Brasil, da TV Globo, ele, no entanto, levou a pior na briga pela vaga com Luis Carlos Cardoso, que se classificou ao obter, nesta quinta-feira, a medalha de bronze no caiaque e ouro na canoa no Mundial de paracanoagem em Duisburg, na Alemanha. Um dia depois do revés, o paracanoísta paulista foi às redes sociais e voltou a reclamar da suposta presença de falsos deficientes na modalidade. Ele já havia se queixado sobre o assunto há dois anos, durante o Mundial de Moscou, na Rússia.
Ex-BB é tetracampeão mundial de paracanoagem
– O lado mau é que as pessoas também aprenderam a burlar esse sistema e essa regra para se beneficiar. Desde lá minha luta virou como atleta dentro d’água, como fora d’água (para) lutar para que se moralize o esporte. E ontem (quinta), um momento decisivo da minha vida – vocês viram que eu passei duas semanas, uma semana e meia mal, com problema de respiração, mas que não influenciou em nada – eu passei mal a bateria, depois a semifinal. Só que na final eu fiz uma prova excelente, fiz um tempo bom, mas tive que lidar com os problemas de classificação funcional. Quem é do esporte sabe, entende, e infelizmente aquele meu sonho paralímpico de anos foi por água abaixo. E acabei perdendo a minha classificação nos últimos metros – reclamou o tetracampeão mundial em vídeo.
No Mundial de Moscou, Fernando Fernandes reclamou do que definiu como “doping funcional”. Na ocasião, o brasileiro, que tem paralisia nos membros inferiores, disse que paratletas fingiam ter “uma deficiência muito mais severa do que realmente têm”. Também garantiu ter visto competidores levantarem da cadeira de rodas e saírem andando normalmente após a competição. Vale notar que existem níveis de deficiência na locomoção, como o caso do atleta paralímpico João Paulo Nascimento, que se desequilibrou da cadeira de rodas durante o revezamento da tocha do Rio 2016, mas apoiou o pé no chão para evitar uma queda mais feia.
Na postagem produzida nesta sexta, Fernandes criticou também o procedimento de classificação funcional, que define por meio de exames a categoria de cada atleta na modalidade. Segundo ele, os oficiais fazem “testes básicos” com os atletas, que devem jogar o tronco para frente, para trás, para um lado e para o outro, além de também remar na água. Após toda essa avaliação, é definida a qual categoria o paratleta pertence.
– Dois anos atrás eu comecei a me deparar com uma realidade que ficou meio estranha, que foram os assuntos de classificação funcional. De 2014 para cá a paracanoagem começou a perder a mão disso. Começaram a ter centenas de protestos. A paracanoagem, que tinha sido eleita um esporte paralímpico, quase foi excluída dos Jogos Paralímpicos por esse tanto de problema que estava tendo de encaixar o atleta na categoria correta. Foi a minha primeira derrota, o momento mais difícil de lidar, não só com a derrota, mas com a injustiça de ver esse problema de classificação funcional ser tão infantil, tão problemático. E os classificadores funcionais, pessoas que são voluntárias, que não tinham responsabilidade nenhuma nisso, fazendo a classificação funcional de maneira tão amadora, tão infantil.
A disputa entre Fernando Fernandes e Luis Carlos Cardoso era para ver que representaria o Brasil nos Jogos Paralímpicos. Em 2015, o piauiense já tinha conquistado a classificação para o país levando o ouro na canoa e no caiaque.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/