Garota com deficiência física de 4 anos é proibida de brincar no Parque de Diversão Neo Geo
Caro leitor,
Recebi por email uma carta denúncia dos pais de uma garotinha cadeirante de 4 anos, que foi proibida de brincar em alguns brinquedos no parque de diversão NEO GEO (Neo Geo World do Brasil Ltda), localizado na cidade de São Paulo. Isso nada mais é do que preconceito e discriminação! Mais um caso que deve ser levado ao Ministério Público.
É impressionante a dificuldade que há no Brasil para o cumprimento da lei de acessibilidade. Há diversas leis que tratam desse assunto, porém como não há sensibilização por parte dos empresários, como é o caso abaixo, e também não há fiscalização por parte das autoridades governamentais, essas leis ficam mesmo só no papel.
Veja abaixo a carta, e a indignação dos pais:
Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. Inclusão é o ato ou efeito de incluir.
Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, assegurando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade.
Na segunda dia 20 de fevereiro 2012 por voltas das 20h, eu Flavio Marques de Sousa e minha esposa Andressa Sewaybrucker levamos nossa filha de quatro anos de idade que é portadora de deficiência física se locomovendo apenas por cadeira de rodas ao parque de diversão chamado NEO GEO (Neo Geo World do Brasil Ltda) que fica dentro do Shopping Fiesta localizado na Av. Guarapiranga 752.
Fomos barrados em alguns brinquedos pelos monitores até que resolvemos conversar diretamente com a gerência do parque que por sua vez nos informou que não tinha nenhum brinquedo em todo o parque que a nossa filha poderia brincar.
Como pode uma empresa que informa no seu site que é “o maior complexo de entretenimento indoor do Brasil’ não estar dentro da Lei Nº 11.982, de 16 de Julho de 2009. Que acrescenta parágrafo único ao art. 4o da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, para determinar a adaptação de parte dos brinquedos e equipamentos dos parques de diversões às necessidades das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Gostaria muito que isso fosse divulgado para que alguém tome as devidas providências para que nenhuma outra criança fique triste por não poder brincar pelo fato de possuir necessidades especiais.
Obrigado
Flavio Marques de Souza
Andressa Sewaybrucker
Flávio enviou um email a ADIBRA, Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil, solicitando providências em relação a inacessibilidade do parque. Veja a resposta que eles deram:
Flavio bom dia
Rua Pará, 76 – conjunto 121 – São Paulo – SP Cep 01243-020
cel : (11) 7739-6122 e 2369-8083
Email: adibra@adibra.com.br
Site: www.adibra.com.br
Não concordo com a justificativa da ADIBRA. Se seguirmos a orientação dessa Associação, dificilmente encontraremos parques de diversões em shoopings, acessíveis às crianças com deficiência. Já que a ADIBRA defende a Lei da Acessibilidade nada mais óbvio do que eles cobrarem acessibilidade em parques, e não pedir aos pais dessas crianças para procurarem um parque acessível. E de acordo com a ADIBRA há o “Dia da Criança com Deficiência nos Parques de Diversões”, ou seja, nossas crianças tem que contentar-se em ter acesso aos parques num dia específico. Lamentável! (Vera Garcia).
Veja:
LAMENTÁVEL!!!!! kD A IGUALDADE E O DIREITO DE IR E VIR ??????????
GASTA-SE MILHÕES EM PROPAGANDAS DE INCLUSÃO SOCIAL, MAS NÃO SE GASTA NAS ADEQUAÇÕES???? E QUER SABER ADEQUADO MESMO É NÃO SE TER PRECONCEITOS, ADEQUADO MESMO É DAR AO PRÓXIMO O DIREITO DE IR E VIR, ADEQUADO É SERMOS TODOS IGUAIS.
Não acredito, não consigo entender.
Mas que parvolice.
É demais para a maldade do ser humano.
Beijo, Vera.
Nelson Mendes
Portugal
Olá Vera,
concordo plenamente com a inclusão e com o NÃO preconceito. Sou Pedagoga e assino mil vezes embaixo se for preciso. Mas, nesse ponto posso até discordar com a reclamação feita. Entendo a frustração dos pais, por sua filha “não poder” se divertir no que ela tem vontade, pois sou mãe e como mãe defenderei minha “cria” com unhas e dentes em qualquer situação. Conheço a empresa em questão, e nunca houve qualquer discriminação, preconceito, etc da parte deles, pelo contrário, sempre existiu a preocupação e total segurança dos seus clientes. Talvez oque tenha acontecido no atendimento é o sentimento por parte das funcionárias em guardar a segurança da criança, por ser deficiente, talvez, mas com certeza seria por não estar nos padrões de altura permitida nos brinquedos. Não posso afirmar oque poderia ou não ter acontecido, mas afirmo com toda certeza de que por parte deles (Neo Geo), não houve preconceito.
Sobre a inclusão, como Pedagoga, acredito que começa pela família, aceitar seu filho ou filha como é!
Olá Barbara!
Entendo o que disse. Também sou pedagoga. Entretanto só um pai ou uma mãe de criança com deficiência sabe muito bem o significado da palavra preconceito. Eles vivem isso no dia a dia. Veja bem: como explicar a uma criança de 4 anos que ela não pode brincar em determinados brinquedos porque eles não foram adaptados a sua deficiência. A criança com deficiência é como qualquer outra criança, eles querem brincar, só isso.
Tenho certeza que se os donos dos parques de diversões tivessem um filho ou filha com deficiência, a maioria dos brinquedos seriam adaptados e eles conheceriam muito bem a lei da acessibilidade.
A inclusão começa com a família, concordo com você. Mas é necessário que a sociedade esteja aberta às diferenças para que todos possam se sentir respeitados e reconhecidos nas suas diferenças.
Abraços,
No dia X, em que os parques são abertos para crianças com deficiência os brinquedos são todos adaptados? A estrutura do parque muda e depois volta ao que era antes? Alguém pode me explicar a resposta sem sentido da ADIBRA? Concordo com a Vera, criança gosta de brincar e não dá para esperar um dia X para que isso ocorra. Não sou pedagoga, nem tenho muito contato com crianças, só sei que criança, seja com deficiência ou não gostam de brincar.
Óimas questões, Valeska!!
Na minha opinião os pais ai estão errados, depende é do grau de deficiência da criança, se não tiver um minimo das funções motoras fica dificil até em lugar adequado para tal, podendo colocar em perigo a criança, já que não pode se segurar ou apoiar por falta de tais funções.
João, se vê que vc não passou pela experiência, a criança especial ou deficiente física, não vai sozinha ao brinquedo, vai sim acompanhada sempre. E tem direito de ser feliz!
Deviam incluir uma observação no site do Neo Geo, na frase que diz “Planejado para atender e divertir a familia toda e grupos de amigos”, deviam incluir “desde que não tenham deficiência física” (Lamentável).
Barbara
Entendo que você conheça a empresa em questão e por isso expressou sua afirmação com relação à capacidade do parque para receber portadores de deficiência.
Porém afirmo a você que antes mesmo do parque ter a preocupação com a segurança da criança os pais da mesma já tinham se “preocupado” com isso.
A questão é simples. O problema era o parque não ter NENHUM brinquedo adaptado para deficiente. A altura da criança era compatível, a proibição ocorreu somente pela deficiência da mesma. Se a empresa não tem preconceito eu não posso afirmar. Só posso afirmar que uma criança ficou sem brincar. E isso é uma falta de respeito.
Como você disse a família tem que aceitar primeiro o filho deficiente. E isso ocorreu. Se assim não fosse ela não estaria num parque com as demais crianças e nem teriam feito a reclamação.
Como foi citado acima, se os donos dos parques de diversões tivessem um filho ou filha com deficiência, à maioria dos brinquedos seriam adaptados e eles conheceriam muito bem a lei da acessibilidade.