Garota de 7 anos fica tetraplégica após cirurgia de apendicite, diz família
Pais entraram com ação na Justiça e pedem indenização de R$ 1,6 milhão. Dívidas com tratamento já chegam a R$ 100 mil; secretaria investiga o caso.
A família de Rafhaella Ribeiro de Alcântara, de 7 anos, denuncia que a garota ficou tetraplégica após ser submetida a uma operação de apendicite no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. A cirurgia ocorreu em novembro de 2013 e, desde então, a menina, que chegou andando à unidade, hoje vive em uma cadeira de rodas. O pai da menina, Rafael Fonseca, está desempregado e disse que já tem uma dívida de R$ 100 mil para custear o tratamento da menina.
“Entrei com a minha filha andando no hospital. Nunca imaginava uma coisa dessas, sair com ela tetraplégica. Busco força em Deus, porque médico não tem dó de ninguém não. Eles viram para você e falam: ‘Ela vai ficar assim para o resto da vida’. Tive que fazer um curso para aprender a aplicar injeção”, disse Rafael, aos prantos.
Os pais acusam o hospital e os profissionais de erro médico e entraram com ação judicial contra o Estado. Segundo o advogado da família, Rannieri Lopes, o valor da indenização pedida é de R$ 1,6 milhão, além de uma pensão vitalícia de R$ 10 mil mensais para custear o tratamento da menina.
“Está comprovado nos autos dos procedimentos. Todos os corréus já apresentaram a defesa em cima disso. O processo da Rafhaella já passou pela Câmara de Saúde do Judiciário e consta nos autos essas declarações”, disse.
A Justiça expediu liminar parcial obrigando o Estado a arcar com equipamentos e remédios da menina, mas, segundo Lopes, a decisão ainda não foi cumprida. “Os bens in natura, cadeira de rodas e cama, eles forneceram. Porém, os medicamentos, que são caríssimos, e fraldas não foram concedidos até então pelo Estado”, alega.
Por conta das despesas com a menina, a família vendeu móveis, carro e até a casa em que morava. Hoje, eles residem de favor em um imóvel no Setor Papilon Park, em Goiânia, que não tem as adaptações necessárias. Além disso, a família não tem mais limite no cartão de crédito e não sabem como vão adquirir os produtos que a garota necessita.
“A gente quer o melhor para ela, que a vida dela seja o melhor possível. Não sei se [é possível] trazer o que ela era antes, mas a gente sonha”, diz, sem conseguir segurar o choro, a dona de casa Eunice Ribeiro, mãe de Rafhaella.
Respostas
A Procuradoria Geral do Estado informou que está cumprindo a decisão liminar de comprar móveis e medicamentos para a menina. Segundo o órgão, remédios mais baratos podem ser obtidos na Farmácia Básica de Goiânia. Já os de alto custo, diz, estão à disposição na Central de Medicamentos Juarez Barbosa.
Ainda de acordo com a Procuradoria, uma licitação foi aberta para comprar fraldas e outros medicamentos que não são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a juíza Zilmene Gomide, responsável pelo caso, disse à TV Anhanguera que aguarda uma perícia para tomar uma decisão sobre a indenização pedida. Ela também afirmou que, dentro da legalidade, está tratando o caso com todo “zelo e humanidade”.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz que está investigando a acusação de erro médico.
Assista o vídeo:http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/06/garota-de-7-anos-fica-tetraplegica-apos-cirurgia-de-apendicite-diz-familia.html
Fonte: G1