Grande Recife promete 25 novos ônibus para deficientes até novembro
Gerente do Consórcio fez a declaração após o Bom Dia PE exibir imagens que mostram as dificuldades para subir nos ônibus e se locomover no Recife
As pessoas com deficiência devem contar com 25 novos ônibus com elevadores, até o mês de novembro, circulando na Região Metropolitana do Recife. É o que afirma o gerente de fiscalização do Grande Recife Consórcio de Transportes, Mário Sérgio Cornélio.
A declaração foi feita após as imagens feitas por um cinegrafista amador serem exibidas pelo Bom Dia Pernambuco nesta terça-feira (27), mostrando a dificuldade de duas pessoas que precisam andar em cadeiras de rodas pelas ruas do Recife.
Na avenida Mário Melo, às 8h, duas pessoas em cadeiras de rodas são obrigadas a seguir ao lado do perigo no meio da rua porque as calçadas estão cheias de obstáculos: chão irregular, barracas, vendedores ambulantes. Conseguir um espaço e conduzir as cadeiras com segurança é difícil.
As imagens mostram perto dos cadeirantes, na parada de ônibus, o momento em que passa uma pessoa idosa com uma bengala, também com dificuldade para andar. As duas pessoas em cadeiras de rodas vão mais adiante, precisam chegar ao hospital Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, mas a situação das ruas não ajuda a chegar mais rápido.
Nas ruas, o asfalto precisa de conserto. Durante o percurso, as pessoas não sabiam que estavam sendo filmadas, mas depois de tanto esforço e sofrimento, elas falaram sobre as dificuldades enfrentadas. A universitária Zenaide Rodrigues, 31 anos, sente na pele o despreparo de motoristas e cobradores de ônibus para ajudar quem tem deficiência física a entrar nos poucos ônibus que são adaptados.
“Eles não estão bem preparados para manusear o elevador, às vezes eles dizem que está quebrado porque não sabem”, afirma a estudante. “Já ocorreu de eu mesma manusear o elevador, porque o cobrador não sabia”.
O gerente de fiscalização do Grande Recife Consórcio, Mário Sérgio Cornélio, afirma que os motoristas dos coletivos estão sendo capacitados desde junho. “Estamos preparando algumas pessoas das empresas operadoras, os multiplicadores, porque não temos estrutura para que todos os motoristas e cobradores façam o treinamento”, afirmou.
“Esperamos que nas empresas haja uma distribuição equitativa e vamos acompanhar com nosso setor de capital humano. A partir de agora, qualquer ônibus novo terá de vir com plataforma, por força de legislação federal. Até meados de novembro, esperamos ter 25 novos ônibus operando no sistema”.
O aposentado Edvaldo Guerra, que também foi filmado, pede que haja mais respeito e capacitação de profissionais e pessoas nas ruas para lidar com quem tem deficiência. “A cidade não é preparada para receber a gente, mas a gente quer sair, não ficar preso em casa”, desabafa. “A gente tem que superar as dificuldades a todo momento, mostrar nossa cara para que haja um respeito maior pela pessoa com deficiência”.
Para a assessora da Secretaria de Planejamento do Recife, Glória Brandão, o problema é que a capital pernambucana, como outras cidades do país, não foi pensada em prol do deficiente ou da pessoa de terceira idade. “São concepções antigas e estamos pagando o preço por elas hoje, tendo que de quebrar, ampliar”, justificou. “Por exemplo, na avenida Norte, estamos criando corredores e rotas acessíveis. A gente não pode melhorar só trechos, temos que fazer caminhos completos, da pessoa até seu trabalho, sua casa, o posto de saúde”.
Outro problema é a situação das calçadas da cidade. “É muito ruim, nós temos consciência, em quase todos os locais, mas a responsabilidade é compartilhada: do município em frente a canais e canteiros de obras e do proprietário do lote”, afirma Glória Brandão. “Às vezes o morador faz uma rampa que é um atentado para o deficiente visual. Também tem gente que coloca aquele piso de bolinhas, mas ele é de alerta. Quando o deficiente visual sente aquele piso, é dito a ele que é há risco e ele para”.
Para ela, a solução depende de uma mudança de atitude. “É preciso educação e cidadania. A Diretoria de Controle Urbano (Dircon) e os fiscais da Emlurb [Empresa Municipal de Limpeza Urbana] atuam fiscalizando. Alguns pagam a multa, outros a gente inscreve na dívida ativa. Mas o mais importante é mudança de atitude”, conclui.
Fonte: PE 360 Graus (27/10/09)
Referência: Rede Saci
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