Gustavo Kuerten, um campeão dentro e fora das quadras
Guga é eternizado no hall da fama do tênis
Gustavo Kuerten, o nosso querido “Guga”, nasceu no dia 10 de setembro de 1976, em Florianópolis, e aos seis anos de idade começou a dar as suas primeiras raquetadas.
Naquela época, o tênis era apenas mais um esporte na vida do pequeno Guga. Ele passou a levar o tênis mais a sério quando tinha 13 anos. Começou, então, a treinar com o gaúcho Larri Passos, que convenceu Guga e sua família que ele tinha talento suficiente para se profissionalizar.
Na categoria juvenil, Guga chegou a ser o terceiro melhor jogador do mundo, em simples e segundo em duplas. Foi campeão da Sunshine Cup, a Copa Davis junior, campeão de duplas de Roland Garros e finalista do Orange Bowl, o maior torneio juvenil do mundo, em simples e duplas.
O seu primeiro ano de profissionalismo foi em 1995.
No ano seguinte, já ganhava o seu primeiro título de torneios challengers, em Campinas, e em 1997, depois de ser campeão do torneio challenger de Curitiba, Guga derrotou o espanhol Sergi Bruguera, por 3 a 0 e abocanhou o troféu de Roland Garros, na França. Desde então, a vida do tenista Gustavo Kuerten mudou. Da noite para o dia, ele passou a ser requisitado por fãs no mundo inteiro e ser alvo da imprensa. Guga tornou-se o primeiro tenista do Brasil a alcançar uma posição entre os dez melhores jogadores do mundo: a oitava.
Mas a fama e o assédio dos fãs não o transformaram. Pelo contrário, só o estimularam a tornar-se uma pessoa ainda mais humana e empenhada em ajudar as causas sociais. Desde o início da sua carreira, Guga sempre esteve envolvido com doações a entidades, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), e inúmeras campanhas solidárias. Além disso, a cada jogo disputado a partir de 1998, Guga sempre doava duzentos dólares a instituições de caridade. Depois veio a participação dele em eventos beneficentes promovidos durante torneios na França, na Austrália, na Argentina, no México e nos Estados Unidos. Camisas de jogos, uniformes, raquetes, bonés foram doados ao longo da carreira de Guga para instituições, principalmente a Apae, com o objetivo de arrecadar recursos através de leilões.
Em 17 de agosto de 2000, Guga fundou o Instituto Kustavo Kurten, o IGK, que é uma associação civil sem fins lucrativos, com sede na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, cujos os objetivos são exclusivamente educacionais, esportivos e sociais, de caráter filantrópico. Surgiu como uma forma de organizar e ampliar o envolvimento da família de Guga em ações sociais.
Fora das quadras, Guga sempre gostou de surfar, curtir os amigos, ouvir música, principalmente reggae, e passar o tempo ao lado da mãe Alice e dos irmãos Guilherme e Rafael.
Mas nem tudo foi glória e fama para Guga. Duas tragédias familiares marcaram sua vida. A primeira foi aos 8 anos de idade, com a morte de seu pai – jogador amador de tênis e incentivador da educação pelo esporte, que colaborava nos campeonatos como juiz de cadeira – que sofreu ataque cardíaco enquanto arbitrava uma partida entre juniores em Curitiba.
A segunda tragédia, diz respeito a seu irmão caçula Guilherme Kuerten, que ao nascer, sofreu falta prolongada de oxigênio, o que causou nele deficiências física e mental severas. Guilherme faleceu no dia 07 de Novembro de 2007, vítima de parada cardiorrespiratória. Desde cedo Guga foi muito ligado à luta diária do irmão, algo que incorporou em sua carreira. Por isso, todos os troféus que conquistava eram dados para o irmão caçula, incluindo as três réplicas em miniatura do troféu de Roland Garros.
Gustavo Kuerten foi muito aplaudido e se emocionou na sua despedida do no torneio de Roland Garros, mesmo local onde sagrou-se campeão do tênis.
Aos 31 anos e com uma lesão no quadril, Guga não escolheu Paris por acaso para encerrar a carreira. Muito admirado na França, Guga venceu o torneio aberto da França em 1997, 2000 e 2001.
Guga foi homenageado pelo presidente da Federação Francesa de Tênis e recebeu um troféu reproduzindo as diferentes camadas de materiais que formam a quadra de saibro de Roland Garros.
Guga não conseguiu conter as lágrimas durante a entrega do troféu e também fez um breve discurso em francês. Com a voz embargada e bastante emocionado, Guga disse: “Aqui é minha vida, minha paixão, meu amor. É ótimo ter aqui a minha família, o meu treinador, mas o mais importante é o amor que vocês me deram”.
Guga saiu de cabeça erguida e muito aplaudido.
No dia 14 de julho de 2012, em cerimônia realizada na sede da instituição em Newport (Rhode Island, EUA), Guga, de 35 anos, o melhor tenista brasileiro de todos os tempos, foi introduzido no Hall da Fama dentro da categoria de Jogadores Recentes.
LIÇÃO DE VIDA:
De nada valem as vitórias na vida se não as dividirmos com aqueles que amamos…
Mais do que as vitórias do esporte, Guga é um vencedor também como ser humano; campeão de solidariedade, campeão como filho, como irmão, como amigo…