Home Care: A cultura da terceirização da terceirização
No meu último artigo falei a respeito das dificuldades e desafios da família em relação aos usuários do Home Care ou atendimento domiciliar. Minha filha Andreza de 45 anos, possui comorbidades de paralisia cerebral espástica, faz uso de Traqueostomia e GTT e necessita do serviço Home Care.
Nesse artigo gostaria de ressaltar a minha preocupação em relação ao futuro das Home Care. É notório que a parte mais “desgastante” do sistema de Home Care são as relações humanas. Existem diversas posturas e atitudes dos profissionais em relação às técnicas de enfermagem. Isso faz com que seja estressante para as famílias administrarem a convivência com esses profissionais, devido a não adequações por diversos tipos de “comportamentos e posturas”. Vejo essas posturas individualmente e pra acertar exige uma rotatividade, infelizmente.
Existe também uma agravante, que é a falta de apoio trabalhista que essas chamadas cooperativas não têm preocupação de fornecerem, e que na verdade são direitos do trabalhador.
Esses vínculos empregatícios se resumem nas condições de contratações de caráter autônomo sem nenhuma segurança e proteção trabalhista. Acarretando assim o desinteresse da “maioria dos profissionais”, no que diz respeito a dedicação ampla nesses cuidados ao paciente. E também, criando em alguns casos, a falta de empatia com as famílias e até com os pacientes.
Devido a esse regime de contratações há muita rotatividade desses profissionais, o que tem provocado muita insegurança para as famílias, pois as mesmas necessitam de uma rotina diária, pois cada lar tem seus problemas de ordem familiar. Infelizmente “tudo fica na esperança da sorte” dessa prestação de serviços.
Finalizando estou muito preocupado com futuro dos Homes Care, e já estou notando a “falta de interesse da maioria dos profissionais” nessas adesões. Infelizmente vai restando aos profissionais que têm poucas chances de ter trabalho com as regras CLT de serem enviados as casas aleatoriamente por estas chamadas cooperativas, que são terceirizados pelo tomador sem critérios justos nessas contratações, criando assim os transtornos nas relações.
Esses são os meus pontos de vista dentro dessa visão adquirida nas minhas convivências com esse tipo de serviço.
Acredito que os prestadores de serviços de Homes Care precisam rever suas posições e assumirem as cooperativas, e passarem a administrarem para uma melhor qualidade dessa prestação. Penso que dessa forma teremos menos dificuldades das captações e também melhoraria nas condições dessas relações.
No Brasil por falta de legislação e vistas grossas dessas fiscalizações dos órgãos públicos, as operadoras de planos de saúde cumprem a lei do atendimento domiciliar e deixam as responsabilidades nas mãos de interesses corporativistas, e os pacientes e familiares acabam sem nenhuma proteção de um segmento de prestação digno e de qualidade aos seus entes queridos.
Eu apoio leis trabalhistas justas aos profissionais da saúde que por necessidade de sobrevivência e por falta de oportunidades dentro da CLT, acabam se sujeitando ao trabalho simplesmente por essa falta de opção.
É preciso que os empresários prestadores desses serviços arquem com essas responsabilidades ou exijam das chamadas “terceirização das terceirizações” a melhoria nas formas dessas captações. E também que exijam condições mais justas para esses profissionais. Caso persistam nessas condições inadequadas e de baixa qualidade, é necessário a mobilização da categoria nas cobranças desses direitos ao Ministério do Trabalho.
Já passou da hora dessa mudança…
Esses conceitos refletem minha opinião.
José Deoclécio de Oliveira