Inclusão de alunos com deficiência: Uma experiência positiva
Caro leitor, acompanhe relato escrito por Lúcia Leite, educadora e fisioterapeuta de uma escola municipal. Este relato foi extraído dos comentários sobre o tema: Nossa sociedade: conquistas e falhas. O relato diz respeito à experiência da inclusão de alunos com deficiência em uma escola pública. Agradeço a Lúcia pela gentileza em compartilhar conosco esta experiência.
Gostaria de fazer algumas colocações em relação à inclusão de pessoas com deficiência ao Sistema de Ensino. Sabemos que apesar de todo avanço da legislação vigente em relação aos portadores de necessidades especiais, na prática, como bem coloca Taciana Valença, em seu comentário, esbarramos, sem dúvida, na discriminação, no preconceito, no medo devido ao despreparo para lidar com um novo desafio, e acrescento mais ainda, na indiferença, ou como você mesmo diz na falta de conscientização e sensibilização das pessoas que estão à frente das Instituições de Ensino para lidar com esta problemática. Daí surgem mil desculpas para não atender esta parcela significativa da sociedade, inclusive descumprindo as leis vigentes.
Quando sabemos que a exceção dos deficientes visuais e auditivos, que realmente necessitam de acompanhamento especializado de alguém que domine Braille e a linguagem dos sinais, LIBRAS, todos os outros portadores de necessidades especiais, com raras exceções, podem ser trabalhados com bons resultados, desde que sejam acolhidos por pessoas sensíveis a problemática apresentada e que tenham amor, respeito e paciência para lidar com essas crianças e jovens.
É possível as escolas desenvolverem um bom trabalho com essas crianças, desde que tenham boa vontade e predisposição para lidar com os desafios. E acima de tudo que não criem barreiras alegando falta de estrutura, pois a melhor estrutura é a vontade de fazer e o amor que precisamos dar a estas crianças. Estou falando isto devido à experiência que temos em receber estas crianças na escola em que trabalho, escola da rede municipal, que disponibiliza estagiários especificamente para acompanhar estes alunos em sala de aula, dependendo do diagnóstico e do grau de comprometimento que apresentem.
O primeiro destes alunos que recebemos para inclusão tinha paralisia cerebral com um quadro motor bastante comprometido, diga-se que foi recusado por inúmeras escolas que ao verem a criança se recusavam a recebê-la alegando falta de condições, nós também não tínhamos nenhuma estrutura nem pessoas habilitadas a trabalharem com aquele tipo de comprometimento, mas encaramos como um desafio, sensibilizamos alunos e professores e começamos a trabalhar com Giovanne, é este o seu nome, e qual não foi nossa surpresa quando ao estimular a parte cognitiva, pouco tempo depois, Giovanne começou a correr mais que os colegas no recreio, nos assustando pois tínhamos medo que caísse, mas nem por isso o privávamos da tão necessária socialização. E ao concluir o Ensino Fundamental I, foi um dos nossos melhores alunos. No entanto, ao ser levado a outras escolas para continuar os estudos esbarrava sempre no mesmo problema: NÃO TEMOS ESTRUTURA…!?
Para concluir, pois já me alonguei muito, hoje trabalhamos com alunos portadores de Síndrome de Down, Autistas, Paralisia Cerebral, Deficientes Mentais, TDHA, e todos têm avançado, respeitando seu próprio ritmo e isto sem nenhuma estrutura especial, apenas consciência e responsabilidade social acrescida de grande dose de respeito para com as diferenças e amor para com as dificuldades dos outros. Outro fator que precisa ser levado em conta é que estas crianças são acolhidas e muito queridas pelos colegas, o preconceito que ainda vemos parte de alguns adultos, que são chamados pela escola para serem conscientizados que ninguém está livre de passar por uma situação desta e que respeitar as limitações dos outros é fundamental, até porque todos nós somos diferentes e aí é que reside a riqueza de um povo.
Um grande abraço,
Lúcia.
Veja:
Adorei o depoimento e as escolas e professores não podem ignorar o que se passa no mundo e a inclusão hoje está na agenda mundial. Ari Vieira
Realmente é muito difícil encontrarmos escolas que acolham alunos com deficiência. Se a sociedade começasse a enxergar este segmento com outro olhar, se a aceitação fosse espontânea, não haveria necessidade da obrigatoriedade de leis ou pressão de grupos, para assegurar o direito a uma vaga em escola pública ou mesmo uma vaga em uma empresa (lei de cotas). Acredito que para alcançarmos uma sociedade mais justa e sem qualquer tipo de discriminação, tudo começa na escola.
Após ler o relato da Lúcia, fiquei deslumbrada. Como é bom saber que podemos encontrar escolas com toda essa preocupação em relação às pessoas com deficiência. Na escola da Lúcia há três itens que considero fundamentais para a existência de uma verdadeira escola inclusiva: a consciência, a responsabilidade social e o respeito. Sem estes itens acredito que no máximo poderá haver uma pseudo inclusão. Sem contar que nesta escola existe amor, respeito ao ritmo do aluno, trabalho de sensibilização e conscientização com os professores… Essa é a escola que sonhamos e queremos. Vimos que isto é possível.
Concordo com a Lúcia e com a Nina, quando dizem que é possível desenvolver um bom trabalho com estes alunos e também retirar o rótulo que muitos carregam anos a fio. A meu ver, para que isto aconteça, basta vontade dos profissionais da educação e ações permanentes do governo para mudar o quadro da exclusão existente. É uma luta que exige a participação e responsabilidade de todos.
Você tem toda razão, Ari. A inclusão está na agenda mundial.
Abraços e obrigada pelo comentário!
É importante saber que escolas públicas estão fazendo este tipo de trabalho e com competência. Pois não podemos mais fechar os olhos ao descaso com que a inclusão de crianças com deficiência está sendo tratado neste país.
Parabéns pela divulgação!
Abraço,
Henrique Queiroga.
Relatos deste tipo nos emociona, principalmente pela sensibilidade demonstrada no acolhimento destas crianças. São experiências deste tipo que precisam serem mais veiculadas pela mídia no intuíto de conscientizar mais e mais pessoas de que com boa vontade, responsabilidade e amor pode-se vencer quaisquer dificuldades.
Parabéns a Lúcia e a todos que fazem a escola.
Beijos, Mariana.
Nossa é um imenso prazer poder estar conhecendo um pouco
mais da tua brilhante história de luta, perseverança, sei muito
bem que infelizmente nem tudo na vida são flores, nós portadores de
necessidades especiais sabemos muito bem na pele o quão é complicado
conseguir em frente, sabemos que são uma batalha por dia, eu custumo
dizer que temos que matar um leão por dia. Mas são histórias como a
tua e tantos outros portadores que me fazem não desistir,
de luta, garra eu posso lhe dizer com muitíssimo orgulho que espero
que a partir de hoje eu tbm posso fazer parte do ciclo de amizades.
Sou novata aqui no mundo do blog mas esta sendo uma experiência
indiscritível. Quero muito que tu conhece e espero que goste do meu ainda
humilde blog.www.corpocomvida.blogpost.com um bjão e mais uma vez meus
parabéns pela essa tua garra, espero contato.
O trabalho precisa ser feito, feito com amor, e amor não falta às pessoas que se dedicam já a este projeto. Parabéns a todos interessados e à aqueles que vivem no dia a dia a situação!
Quero agradecer os comentários do Henrique, Mariana e da Ana. São comentários enriquecedores!
Abraços,
Concordo com você, Emmanuel. É um trabalho onde o amor e a dedicação são imprescindíveis.
Abraços,