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Jovem com paralisia cerebral se torna bacharel em Direito em Pouso Alegre, MG

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Aos 25 anos, Marco Túlio agora tem mesma profissão do pai e da irmã.

Nem mesmo a falta de mobilidade causada por uma paralisia cerebral impediu que um jovem de 25 anos realizasse um sonho: se tornar bacharel em Direito. Marco Túlio Fernandes Pascoal nasceu em Senador José Bento (MG) e durante cinco anos viajou todas as noites para Pouso Alegre (MG), onde cursou a faculdade de Direito.

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Mesmo enfrentando muitas dificuldades contou com o apoio da família. A mãe conta que ele nasceu prematuro e, que por causa de uma doença, desenvolveu alguns problemas motores que o levaram para uma cadeira de rodas.

“Ele já tinha 7 meses quando eu percebi. Eu percebi que ele não estava sentando, estava mais molinho. O neuropediatra foi pedindo os exames, pediu a ressonância e aquelas coisas todas, e ai que descobriu que tinha afetado na coordenação motora”, disse a mãe de Tulinho, Vera Lúcia Fernandes.

Mesmo assim, a família de Tulinho, como é conhecido pelos colegas, não desistiu e aprendeu com ele a não abrir mão dos sonhos. Meta que o levou para a faculdade de Direito.

“À primeira vista, o que nós nos perguntamos foi: “Será que ele terá condições de acompanhar o curso de Direito? [Sabemos] que não é um curso fácil, que tem muitas exigências, carga horária, trabalho”, disse o coordenador de graduação, Elias Kallas Filho.

Agora eu quero prestar concurso para ganhar estabilidade, uma renda boa, para trabalhar”
disse Marco Túlio

O tempo foi passando e surpreendendo quem estava próximo de Tulinho. Durante os cinco anos de faculdade, ele se destacou na turma pelas boas notas e pela simpatia. “Foi uma demonstração de que não há limites para a força de vontade e o desejo de vencer”, alegou o coordenador de graduação.

A família seguiu junto com o aluno e a sala de aula virou a segunda casa deles. “Além de ter que trabalhar durante o dia, toda a noite ele teria que fazer esse trajeto de Senador José Bento até Pouso Alegre (MG). Então, a gente saia de lá 18h30 e voltava 23h30, durante cinco anos”, disse o pai e advogado, Werner Cláudio Pascoal.

“Foi muito bom ter o irmão como colega. Em casa a gente compartilhava o que aprendeu, se ajudava nas matérias, às vezes um tinha mais facilidade e o outro mais dificuldade”, contou a irmã, Paula Maria Fernandes Pascoal.

Lição de vida

Justo ele que estava na universidade para aprender, acabou ensinando. “Eu aprendi a ter mais força de vontade, a superar a minha vida em muitas coisas”, contou a bacharel em Direito, Agnes Sampaio.
Como retribuição pelo aprendizado, as amigas de curso surpreenderam para Marco Túlio com um direito fundamental: a acessibilidade. “Essa mobilidade que o Marco Túlio tinha limitada, a gente ofereceu uma cadeira para ele seria o ideal e seria uma forma de agradecimento também, porque passamos cinco anos na graduação e uma forma de agradecer por tudo o que a gente tinha vivido juntos”, explicou Kaelly Cavoli Moura da Silva, bacharel em Direito.

“Eu tenho muito o que agradecer [meus colegas] por causa da história da cadeira, que fizeram aquela surpresa pra mim. Eu tenho muito que agradecer, porque graças à Deus eu sempre tive amizade com todo mundo”, disse Marco Túlio.

Ao longo da vida, o jovem venceu batalhas e ultrapassou barreiras, contrariou diagnósticos. Mas como o menino que nasceu com paralisia cerebral conseguiu tamanha façanha? “Eu aprendi que se a gente não lutar, a gente não consegue nada. Isso que eu aprendi”, contou Marco Túlio.

Orgulho da família

Hoje, bacharel em Direito, Marco Túlio segue com a mesma profissão do pai, da irmã e se tornou motivo de orgulho para muita gente. “A gente fica até emocionado e se sente realizado”, disse o pai de Tulinho.

E para quem acha que a história termina por aqui está enganado. Sempre é tempo de sonhar. “Agora eu quero prestar concurso para ganharestabilidade, uma renda boa, para trabalhar”, finalizou Marco Túlio.

Fonte: G1

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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