Educação Inclusiva

Jovem de 24 anos é a única universitária com síndrome de down de Brusque, SC

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A pedagoga Micheli, que foi professora de Mirian no Ceja, incentivou a aluna a ingressar na faculdade - Crédito: Juliana Eichwald
A pedagoga Micheli, que foi professora de Mirian no Ceja, incentivou a aluna a ingressar na faculdade – Crédito: Juliana Eichwald

Mirian Dutra Arais iniciou o curso de Pedagogia em julho deste ano

Quem vê a pilha de recortes de jornais com reportagens nas quais os destaques são as fotos de Mirian Dutra Arais segurando troféus e medalhas imagina que a jovem encontrou, no esporte, a sua fonte de inspiração. A atleta, entretanto, consegue dividir a paixão pela natação com a paixão pelo estudo. Aos 24 anos, ela é a única universitária com síndrome de down de Brusque. De acordo com levantamento da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (Febasd), em 2012 haviam apenas 21 pessoas matriculadas no ensino superior brasileiro. O dado é o mais recente disponível.

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O sonho de trabalhar com crianças fez Mirian iniciar o curso de Pedagogia na Uniasselvi/Assevim em julho deste ano. A construção do sonho, além de desejo da própria universitária, também teve influência direta da pedagoga Micheli Ethel Machado, de 40 anos.

Micheli conheceu Mirian quando a acadêmica ainda estava no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). A pedagoga era a professora responsável por auxiliar a aluna durante as aulas – profissional conhecido como “professor 2”.

“Eu me formei em pedagogia e fui tentar uma vaga de professor pelo estado e acabou vindo a oportunidade de trabalhar como professor 2. E no mesmo momento que eu iniciei com a Mirian, eu comecei uma especialização em neuropsicopedagogia clínica e institucional por causa da Mirian, por querer aprender e fazer um bom trabalho com ela”, explica.

A pós-graduação foi importante para Micheli auxiliar Mirian nas aulas mas, mais do que isso, a afetividade da pedagoga – semelhante à da aluna – também ajudou. Ela afirma que Mirian é extremamente carinhosa.

“A importância da afetividade entre o aluno com síndrome de down e o professor é muito grande. É fundamental, na verdade. Foi através da nossa relação que tudo foi começando e se desenvolvendo de uma forma muito legal. Ela correspondeu a todos os propósitos e tivemos um amor muito grande”, conta.

Micheli explica que a função do professor 2 é facilitar a aprendizagem do conteúdo adaptando as atividades. Para isso, figuras e jogos são utilizados durante boa parte do tempo.

“Nós temos que fazer com que o aluno absorva o máximo que ele consiga durante a aula. Enquanto o professor principal explica, o professor 2 fica do lado do aluno e adapta as atividades. É uma atividade mais lúdica, mas nunca saindo do assunto daquela aula”, diz.

Mirian reconhece os esforços da pedagoga durante o período em que ambas permaneceram juntas no Ceja – um ano e meio. “A Micheli ajudou e eu gosto muito dela. Eu também gosto muito de estudar. Fazer faculdade se tornou um sonho”, conta Mirian. A mãe da acadêmica, Maria Nadir Dutra Arais, também é só elogios ao trabalho de Micheli.

“A Micheli foi um presente de Deus. A Mirian adorou as aulas com ela e a gente sentiu a evolução dela no aprendizado. E até mesmo o incentivo da Michele para que a Mirian fosse para a universidade fez a diferença”, conta a mãe.

Dia a dia

Atualmente, Mirian frequenta as aulas na Uniasselvi/Assevim com o acompanhamento da mãe ou de uma das irmãs. Para ingressar na universidade, os procedimentos realizados foram os mesmos que os demais alunos: vestibular e matrícula.

Segundo a Uniasselvi, durante as aulas há o acompanhamento pedagógico para alunos com deficiência intelectual e apenas são realizadas intervenções relacionadas às aulas se o professor achar necessário.

Inclusão

Tanto para a pedagoga quanto para a mãe de Mirian a acadêmica é um exemplo para as demais pessoas que têm alguma deficiência intelectual. A mãe diz que a filha está abrindo as portas do ensino superior.

“Quando ela vê os amigos que tem alguma deficiência e conta que está fazendo faculdade, eles também se empolgam e querem fazer também. Depois que ela fez o Ceja aumentou o número de alunos com deficiência”, diz.

O exemplo de Mirian, lembra Micheli, não se restringe apenas às pessoas que têm alguma deficiência. Os alunos do Ceja, conta a pedagoga, viram esperança e motivação na vontade de Mirian em aprender.

Fonte: http://municipiomais.com.br/

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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