Nada de Barbie: Empresa faz bonecas de pano negras, cegas e cadeirantes
Barbie não me representa. Foi essa ideia e a lembrança da avó que inspiraram a psicóloga e administradora de empresas Joyce Venâncio a abrir a Preta Pretinha, uma loja de bonecas (e bonecos) de pano diferentes: negras, muçulmanas, indígenas, cadeirantes, carecas etc. Cada uma custa entre R$ 15 e R$ 240.
“O meu negócio esteve sempre diante de mim. Quando éramos pequenas, minha avó Maria Francisca fazia bonecas e, por só haver modelos brancos no mercado, comprava meias de seda, tingia de marrom e cobria as bonecas. Depois, ela fazia oficinas para nos ensinar a produzir”, conta.
O negócio atual foi criado ao lado das irmãs. Joyce é responsável por estratégia e pesquisa de público. Uma das irmãs, Lúcia, formada em ciência atuariais, cuida das finanças. Com curso de secretariado executivo bilíngue, Cristina, a outra irmã, é responsável pelo design dos produtos. Há, ainda, mais três funcionários.
-‘As pessoas se veem nos produtos’
“Nós, como mulheres negras empreendedoras, trabalhamos também com autoestima e empoderamento. As pessoas se veem nos produtos. Crianças e adultos ficam encantados, porque nosso produto atinge todas as idades”, diz Joyce. “Criamos e desenvolvemos um trabalho que ajuda as pessoas a driblarem dificuldades. É muito prazeroso.”
Além da loja, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, Joyce dá palestras em escolas e universidades sobre diversidade e inclusão e escreveu o livro “As Aventuras de Preta Pretinha – Cuidando do Planeta Terra” (Scortecci Editora). O livro conta a história de crianças que educam os pais sobre temas relacionados ao meio ambiente.
-Profissionalização é desafio no artesanato
A forma mais fácil de viver do artesanato é participar de uma associação ou cooperativa, que garante mais espaço para vender os produtos e matéria-prima mais barata, por meio da compra em conjunto, diz a presidente da Confederação Nacional dos Artesãos (Cnarts), Isabel Gonçalves Bezerra.
O empreendedorismo é um caminho menos comum devido à falta de profissionalização e ausência de espaço para expor o trabalho. Por isso muitos artesãos ainda vendem para intermediários.
A concorrência com os produtos chineses também é uma desvantagem, de acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Um dos desafios, segundo a entidade, é combater a imagem de que artesanato é sinônimo de trabalho barato e sem qualidade, e aumentar seu valor de mercado.
A profissão de artesão só foi regulamentada no ano passado, por isso o setor ainda carece de políticas públicas, diz Isabel. É importante fortalecer as entidades de classe, conscientizar sobre a importância do trabalhador e criar linhas de microcrédito específicas e espaços públicos para fomentar as vendas.
Fonte: UOL