Novas Regras para CNH PcD: Mais cara e burocrática!
Eu sei bem como é o caminho para conseguir a CNH PcD. Foi um processo longo, cheio de burocracias, exames e consultas. E mesmo com toda essa jornada, ter a habilitação me trouxe independência, algo que muitas pessoas com deficiência buscam. Agora, com as novas regras que entrou em vigor em 2 de janeiro de 2025 no estado de São Paulo, as coisas vão ficar ainda mais difíceis para quem tem deficiência moderada ou grave.
Essas mudanças, alinhadas à Resolução 927/2022 do Contran, trazem um novo obstáculo: a consulta obrigatória com a Junta Médica Especial (JME) antes de realizar o exame prático. A justificativa é garantir maior segurança nas vias públicas, mas, na prática, o que se vê é um aumento nos custos e mais uma etapa que dificulta o acesso de quem realmente precisa.
O Que É a Junta Médica Especial e Como Funciona?
A Junta Médica Especial é composta por três médicos peritos que avaliam as condições físicas e funcionais dos candidatos com deficiência. O objetivo é verificar se a pessoa tem capacidade de dirigir com segurança. Até aí, tudo bem, porque segurança é importante. O problema é que essa avaliação acrescenta mais uma etapa no processo, o que significa mais tempo, mais desgaste emocional e, claro, mais dinheiro.
O custo dessa avaliação é repassado para o candidato. Estamos falando de R$ 268,74 adicionais. E, somando todas as taxas e custos do processo de habilitação, o valor total pode ultrapassar R$ 2.500. Para quem depende do carro adaptado para trabalhar ou levar uma vida mais autônoma, isso não é pouca coisa. Já não bastasse o custo do carro adaptado em si, agora é preciso desembolsar ainda mais para ter a chance de dirigir.
O Impacto Financeiro e Emocional
Falar de dinheiro pode parecer superficial, mas quem vive com deficiência sabe o quanto tudo custa caro. Desde equipamentos até adaptações, nossa vida é pautada por gastos que a maioria das pessoas nem imagina. Agora, além disso, precisamos lidar com mais um peso financeiro para algo tão essencial como dirigir.
E não é só sobre dinheiro. É sobre o cansaço emocional de passar por tantas etapas, de ser questionado a todo momento se você realmente pode ou não dirigir, como se não soubéssemos dos nossos próprios limites. É como se estivéssemos constantemente sendo colocados à prova.
O Que Acontece se Você For Considerado Inapto?
Se a Junta Médica decidir que você não está apto a dirigir, ainda há a possibilidade de recorrer ao Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN). Mas, convenhamos, isso significa mais tempo, mais burocracia e mais desgaste. Quem já passou por um processo assim sabe como é difícil. E é bom saber que, se você decidir recorrer, será responsável pelas despesas do processo.
Crítica às Novas Regras
É claro que a segurança no trânsito é importante. Ninguém discorda disso. Mas será que esse rigor todo não está afastando as pessoas com deficiência do direito à mobilidade? Será que não existem outras formas de garantir essa segurança sem transformar o processo de habilitação em um privilégio para poucos?
Essas mudanças mostram uma falta de sensibilidade para entender a realidade de quem vive com deficiência. Não estamos pedindo privilégios. Estamos pedindo igualdade de condições para exercer um direito básico: o de ir e vir.
Uma Reflexão Final
Olho para trás e penso em tudo que enfrentei para conquistar minha CNH-PCD. Ao mesmo tempo, me pergunto: como podemos avançar diante de tantas barreiras? Precisamos de soluções que simplifiquem, e não compliquem ainda mais a vida de quem já enfrenta tantos desafios.
Uma saída pode ser a redução dos custos das avaliações médicas ou a criação de programas de apoio financeiro para pessoas com deficiência que buscam a habilitação. Outra ideia seria investir em treinamentos específicos para os peritos e em tecnologias que tornem o processo de avaliação mais acessível e menos burocrático. E uma outra solução seria disponibilizar informações claras sobre os critérios usados pela Junta Médica, garantindo que os candidatos entendam como serão avaliados.
A mobilidade é um direito, e não um luxo. Espero que essas regras sejam revisadas e que, no futuro, possamos encontrar um equilíbrio entre segurança no trânsito e acessibilidade. E você, que também vive essa realidade, o que pensa sobre essas mudanças? Que soluções você acredita que podem ser implementadas? Deixe sua opinião nos comentários!
Vera Garcia (Blog Deficiente Ciente)