O difícil caminho dos cadeirantes na UnB
Pessoas com necessidades especiais dependem de ajuda para superar barreiras dentro do campus Darcy Ribeiro
Falta de rampas, calçadas quebradas, pisos irregulares e buracos. Para quem anda a pé, os problemas listados são pequenos desvios no percurso. Para quem depende de uma cadeira de rodas, no entanto, falhas aparentemente simples no caminho representam enormes obstáculos e, até mesmo, a impossibilidade de chegar a alguns locais do campus Darcy Ribeiro da UnB.
A reportagem da UnB Agência acompanhou a cadeirante Kilda Sanchez, psicóloga do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e aluna do mestrado em Bioética, no percurso da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) até a Reitoria. E constatou que as barreiras para quem anda de cadeira de rodas são muitas.
Além dos problemas de infra-estrutura, um portão fechado durante a greve unificada impede a entrada de cadeirantes pela Ala Norte do Minhocão.
Às terças e quintas-feiras, Kilda tem duas aulas seguidas e precisa percorrer a distância entre o ICC e a FS em dez minutos. A psicóloga anda com uma cadeira manual e, para chegar a tempo, ela depende do auxílio de amigos. “Não me importo em pedir ajuda. Mas as calçadas estão tão ruins que só uma pessoa mais forte consegue me empurrar”, explica. “A falta de acesso aqui me assusta”, critica.
Kilda encontra as primeiras dificuldades logo na saída do prédio da FS. O piso irregular compromete a estabilidade da cadeira e a calçada ao longo do caminho apresenta desníveis. Em compensação, as duas faixas de pedestre que ela precisa cruzar têm rampas de acesso e permitem a travessia tranquila. O acesso ao ICC sul é feito sem problemas. O piso do Minhocão é liso e não oferece grandes obstáculos, a não ser o excesso de pessoas.
BARREIRAS – Dois grandes obstáculos foram encontrados no ICC. Um deles é o acesso para passar do bloco A para o B. Há um degrau de 20 centímetros na passagem. O outro é o portão da Ala Norte, que possui uma barra de ferro próxima ao chão. Ambos os casos impedem a passagem de quem anda de cadeira de rodas. “Para me deslocar no campus, dou uma volta muito maior do que os pedestres”, diz Kilda. Até a Reitoria, mais problemas. Não existe um acesso que ligue o Minhocão ao prédio com rampas.
Segundo Rafael Barroso, coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o portão da Ala Norte acabou fechado durante a greve e a questão da reabertura acabou não sendo discutida após o retorno às aulas. A chave está com a diretoria do Sinidcato dos Trabalhadores da Fundação UnB (Sintfub). Cosmo Balbino, coordenador-geral do sindicato, garantiu a reabertura do portão na segunda-feira, 31 de maio. “Como não foi colocada a necessidade para a gente, não abrimos”, justifica.
O novo prefeito do Campus, Paulo César Marques, cogita uma alteração na estrutura do portão. “Fazer um outro projeto é uma possibilidade que vamos estudar”. O professor destacou ainda que o fechamento do portão ocorreu em uma situação particular. “Em situações normais, o portão não representaria uma barreira, pois sempre tem alguém para abrir”, observou.
MELHORIAS – O coordenador do Programa de Apoio aos Portadores de Necessidades Especiais (PPNE) da UnB, José Roberto Fonseca, denuncia a falta de um programa de manutenção e de uma política para adequar a infraestrutura das construções mais antigas. Ele anda de cadeira de rodas e, em algumas partes da UnB, opta por caminhos mais longos para conseguir chegar sozinho. “Geralmente, precisamos fazer desvios que os pedestres não precisam fazer”, diz.
José Roberto diz que boa parte das novas obras estão adequadas ao acesso de cadeiras de roda. Mas questiona a reforma dos anfiteatros. “As mesas para cadeirantes ficam no fundo da sala”, reclama. “A gente quer que o PPNE se torne um órgão consultivo dentro da universidade para evitar esse tipo de problema”.
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Depois as empresas dizem que as pessoas com deficiência não têm qualificação para cargo, não atendem ao perfil da empresa… É óbvio, desde o momento em que sai de casa até chegar a universidade, só encontram barreiras e obstáculos.
Trabalho maravilhoso parabéns, não sou, não tenho amigos, e nem parentes, com deficiência, mais fico emocionada com historias de superação e luta que essas pessoas encaram, fiz no ano passado um curso de estimulação precoce em uma instituição que trabalha com criaças e adultos com deficiência (APAED) Em Ceilância-Df, e tive contatos com pessoas e crianças com vários tipos de deficiência , e me apaixonei, passei então a me interresar e enteder a importância que nós cidadãos temos com essa realidade, cada um de nós temos deveres e obrigação de lutar juntos ao deficiênte por causas justas para que haja não apenas a inclusão de pessoas deficiêntes mais a acessibidade dessas.
Olá Juciene!
Fico feliz com seu apoio e incentivo!
Obrigada pela visita e seja sempre bem-vinda!
Beijos