“Os lugares não são preparados para pessoas como nós”, diz vereadora cadeirante eleita de Taubaté
Talita de Lima Barbosa (PSB) foi eleita com 2,9 mil votos, como a segunda mais votada e a mulher com maior número de votos. A Câmara não tem um vereador cadeirante desde 1992.
Após mais 28 anos, Taubaté vai voltar a ter uma vereadora cadeirante no próximo mandato. Em sua primeira eleição, Talita de Lima de Barbosa (PSB), de 23 anos, foi eleita com 2,9 mil votos, a segunda mais votada entre os vereadores eleitos.
Professora, moradora da periferia, ela conta que a necessidade de voz para a mobilidade e acesso a quem tem deficiência é que o que a motivou a seguir para a política.
“Quem vem de grupos minoritários como o meu entende que a liberdade é uma ascensão, a gente conquista aos poucos. Os lugares não são preparados para pessoas como nós”, conta.
Talita ficou cadeirante aos 17 anos, consequência de uma doença autoimune. Ela afirma que deficiência a tornou política, depois que percebeu que não teria acesso ou dificuldade em situações cotidianas, como usar um ônibus ou chegar a um local sem transporte automotivo.
A jovem será a segunda cadeirante como vereadora na Câmara de Taubaté. Luiz Winther de Araújo Junior exerceu mandato de 1989 a 1992 e foi autor de uma lei que obriga a construção de rampas de acesso em estabelecimentos e alterações dos prédios municipais para acessibilidade.
Apesar disso, a própria Câmara só foi adaptada em 2015. E, segundo Talita, a cidade como um todo não é pensada para a acessibilidade. Do bairro Cidade de Deus, onde mora, até a Câmara são 1,5 km de distância. Um percurso que é feito a pé para quem tem mobilidade, mas com obstáculos para quem é cadeirante.
“A cidade como um todo não está preparada. Quem vive essas limitações na pele é que é capaz de entender as demandas que temos. É possível e precisamos ocupar os espaços de liderança. A democracia precisa ser, de fato, representativa”.
Talita é um dos novos nomes entre os vereadores eleitos para o próximo mandato. Dos 19 representantes, nove são de reeleição.
Aos 23 anos, ela é também a vereadora mais jovem no novo mandato. Na nova configuração da Câmara, são três mulheres, sendo que a vereadora Vivi da Rádio (Republicanos) foi reeleita. As outras duas tentavam sua primeira eleição.
Para a vereadora eleita , apesar da redução no quadro de mulheres, caindo de quatro para três, a eleição de bandeiras inclusivas mostra a busca por mudanças.
Fonte: G1