Paraolimpíada faz abertura guiada por Shakespeare e destaca evolução da tecnologia
Foi um belíssimo show. Pela primeira vez pessoas com deficiência participaram das apresentações da abertura dos jogos paralímpicos (Nota do blog).
Após destacar a forte cultura britânica na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, Londres optou por ressaltar a evolução mundial da tecnologia na festa que abriu a Paraolimpíada nesta quarta-feira, na capital britânica. Com discretos números artísticos, mas todos guiados pela peça “A Tempestade”, de William Shakespeare, o evento desta noite foi protagonizado pelas invenções e descobertas de gênios como Isaac Newton e Stephen Hawking. As pessoas com deficiência tiveram destaque em momentos líricos da festa, muitas vezes voando pelo palco presas por cabos e cordas.
A presença do físico britânico foi um dos pontos altos da cerimônia. Hawking, que sofre de esclerose lateral amiotrófica e hoje, aos 70 anos, raramente faz aparições públicas, narrou grande parte da cerimônia desta quarta-feira.
Após dançarinos se apresentarem com guarda-chuvas que juntos formavam um grande olho no meio do estádio olímpico, a atriz Nicola Miles Wildin, que tem deficiência física, apareceu no palco interpretando a personagem Miranda, de “A Tempestade”. Guiada pela narração de Hawking, Miranda acompanhou no estádio uma dramatização sobre a evolução da tecnologia ao longo da história. Ao seu lado estava o ator Ian McKellen, de personagens como Magneto (da franquia “X-Men”) e Gandalf (da trilogia “Senhor dos Anéis”), interpretando Próspero, também da peça shakesperiana.
O primeiro bloco da festa se encerrou com uma reprodução do fenômeno Big Bang, que teria dado origem ao universo, e com a entrada da rainha Elizabeth II. Não foi uma chegada triunfal, como na abertura da Olimpíada em que a titular da coroa britânica participou de uma cena com Daniel Craig, o atual James Bond, e simulou entrar no estádio em um helicóptero. Dessa vez, a rainha apenas ocupou seu lugar no camarote real ao lado do presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, ao que se sucedeu a execução do hino britânico.
O desfile das 164 delegações que disputarão os Jogos começou logo em seguida. O multimedalhista Daniel Dias, da natação, foi responsável por conduzir a bandeira do Brasil. Oscar Pistorius, principal atleta desta Paraolimpíada e primeiro biamputado a disputar uma Olimpíada, carregou a bandeira da África do Sul.
Os Jogos foram oficialmente abertos pela rainha após discursos de Philip Craven e do presidente do comitê organizador da Olimpíada e da Paraolímpiada, Sebastian Coe. “Prepare-se para ser inspirado. Prepare-se para ser surpreendido. Prepare-se para ser comovido pelos Jogos Paraolímpicos de Londres-2012”, declarou Coe. Os protocolos se seguiram com o hasteamento da bandeira, a execução do hino paraolímpico e os juramentos de atletas, treinadores e técnicos.
Um novo bloco sobre tecnologias e descobertas trouxe mais uma vez os personagens Próspero e Miranda de volta ao palco e priorizou a participação de pessoas com deficiências físicas. O número ainda deu destaque aos feitos de Newton, como seu famoso experimento com uma maçã para comprovar a teoria da gravidade – os 62 mil presentes receberam maçãs e as morderam neste momento do show -, e ao clássico da literatura “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley .
O grande momento da noite, o acendimento da pira paraolímpica, começou com um vídeo mostrando imagens do revezamento da tocha pelo Reino Unido.
O fogo entrou no estádio pelas mãos de Joe Townsend, triatleta paraolímpico e comandante da Marinha Real, e depois foi conduzido por outros esportistas com deficiências até chegar a Margaret Maughan. Primeira britânica a conquistar uma medalha paraolímpica, nos Jogos de Roma-1960, ela acendeu uma das pétalas da grande pira em forma de flor desenhada por Thomas Heatherwick. Todo o objeto foi tomado pelo fogo, a música-tema dos Jogos – “I Am What I Am” – foi cantada e uma grande queima de fogos fora do estádio encerrou a festa.
Fonte: UOL
A imprensa precisa divulgar muito mais as paraolimpíadas, contribuindo assim para a construção de uma sociedade de todos e para todos.