Patrícia Lucchesi: Atriz do ‘primeiro sutiã’ conta sobre filho autista: ‘Ele me salvou’
Patrícia Lucchesi ficou famosa bem cedo, aos 11 anos, quando protagonizou o famoso comercial do “Meu primeiro sutiã”. O sucesso rendeu-lhe participações no cinema — em ‘O Casamento dos Trapalhões” — e na TV, chegando até a integrar o elenco do seriado Sandy e Junior (Globo). Mas, hoje, a realidade da artista de 46 anos está longe das telas. Depois de ver o filho, Mateus, que nasceu em 1992, ser diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) nível 3, Patrícia passou a se dedicar à psicologia para estudar e entender essa condição.
Eu engravidei e casei muito cedo, o meu filho aos três anos e meio teve o diagnóstico e nunca sairia desse nível, toda a minha rotina se transformou em função disso.
“Esse diagnóstico depende muito de um cotidiano para ele se desenvolver o máximo possível e, conforme o tempo passa, as chances de desenvolvimento vão diminuindo”, conta.
Formada há quase dez anos e com vários cursos no currículo, Lucchesi se tornou especialista em TEA e, além de se dedicar aos cuidados com o filho, ministra palestras em todo o país sobre sua história.
‘Ele me salvou’
A notícia do diagnóstico chegou em um momento em que Patrícia vivia no mundo artístico e despertou inseguranças e preocupações nela. Em conversa com Splash, ela diz que, à época, viveu ‘um período de luto, que é natural’.
Fiquei meio sem chão, estava com uma carreira artística bem-sucedida e não sabia o que seria do futuro do meu filho, especialmente quando eu não estivesse mais aqui.
Apesar das dificuldades, a psicóloga e atriz garante que ter um filho no espectro autista ‘a salvou’ e foi uma experiência de muito aprendizado, que mostrou o caminho da psicologia e gerou uma evolução interior. “Quando digo que ele me salvou, é porque me considero hoje uma pessoa melhor do que eu era antes”.
Segundo luto
Em 2014, Patrícia perdeu o marido, o diretor Paulo Trevisan, que foi último profissional a dirigir Hebe Camargo na televisão. A morte do companheiro, que assumiu o papel de pai de Mateus — o pai biológico era ausente —, fez com que Patrícia desse uma pausa nos estudos.
“Vivenciei outro luto, o luto da perda do pai de coração do meu filho que teve um padrasto, de um parceiro. Ele foi adoecendo, eu estava na faculdade, e tinha que me dividir entre as aulas, os cuidados com o Mateus, e o tratamento dele (Trevisan). Fiquei muito abalada, uma união longa de 17 anos, mas superei”.
Possível volta à TV
Realizada profissionalmente, Patrícia diz que pretende seguir com a psicologia, mas não desconsidera a ideia de, um dia, volta às artes. “Embora tenha um carinho imenso pela época que eu trabalhei artisticamente, hoje fiz uma opção de trabalhar com psicologia. Mas não descarto a possibilidade de voltar no futuro, porque eu gostava muito, mas teria que ser um trabalho bem especial e que se encaixasse com a minha agenda também”.
Fonte: UOL