Pedro Brandão, o primeiro com síndrome de Down a se tornar chef de cozinha pelo Senac
A Formatura de Pedro
Abaixo, o texto que a jornalista e fotógrafa Patricia Cançado escreveu sobre o trabalho, feito em novembro de 2016. Hoje, Pedro trabalha na cozinha do Pirajá, um bar tradicional de São Paulo, e tem um canal de videos em que ensina receitas no YouTube, o Comidinhas do Pepê.
Eram cinco horas da tarde de uma sexta-feira chuvosa de outubro em São Paulo. Pedro Brandão, 21 anos, faz um esforço fora do comum para encaixar cada um dos sete botões nas casas da engomada camisa branca de festa. Embora apreensivo com o ritmo apressado do relógio, ele segue meticulosamente até o fim. Aquela tarefa, que para a maioria das pessoas é quase tão natural quanto um bocejo, é um retrato da sua trajetória até aqui.
Quase nada na sua vida foi automático. Mas quase tudo foi possível. Pedro nasceu com síndrome de Down e em algumas horas subiria no palco da faculdade do Senac para receber um canudo com o diploma pelo curso de Gastronomia.
O rapaz franzino, educado e de olhar atento não vive em uma redoma de vidro, cercado de proteção e de cuidados. Estudou em escolas regulares, anda sozinho por aí e namora há quatro anos. Sabe cozinhar, escalar e jogar boliche. Adora História e odeia Matemática. Apaixonado por cavalos, por enquanto se contenta com um gato de estimação, o “Gordinho”. É fã de rock e de futebol.
Na vida, até houve quem jogasse contra. Mas, em casa, ele nunca foi “café com leite”. Seus pais, os médicos Ana Claudia e Renato, deram muita corda para o filho puxar. Em outras palavras, botaram fé no garoto. Georgia e Rafael cresceram vendo o irmão sendo tratado sem diferença. Para eles, Pedro não é bibelô. É brother. Com tudo o que tem de doce e de azedo nessa relação.
Antes da primeira de várias sessões de foto com Pedro e seus dois irmãos, me perguntaram se eu sabia o que iria encontrar, se tinha alguma hipótese. Mãe de uma menina de dois anos também com síndrome de Down, eu tinha apenas uma vaga ideia. E foi melhor assim. No começo, fui tomada por um sentimento confuso, quase como se estivesse vendo a minha família no futuro: três irmãos, um também com Down. Com o tempo, passei a enxergar o Pedro e sua família como uma inspiração. Porque o Pedro não é a Olivia, minha filha. O Pedro não se resume ao seu diagnóstico. O Pedro é o Pedro. É singular.
Fonte: Revista Marie Claire
Acho tão importante divulgar o quanto pessoas portadoras de Síndromes são capazes! Pude conhecer várias e vários profissionais durante curso e workshops sobre Síndromes e Deficiência, e pude ver o quanto prosperam os que são insentivados,capacitados, como qualquer outra criança ! Fiz o mesmo com o meu enquanto esteve entre nós, creio ter sido a melhor coisa que fiz!
Boa tarde, sou Instrutor do senac bahia e gostaria de saber qual senac Pedro se formou,qual o Instagran ou face book dele. Grato.