Pessoa com deficiência: coloque-se no lugar do outro
Quando sofri um acidente aos 11 anos de idade o que me tornou uma pessoa amputada, acreditava que para ser uma pessoa com deficiência (PcD) ou você nascia com algum tipo de deficiência ou você se tornava uma PcD através de um acidente ou uma doença. Entretanto com o passar do tempo vejo isso com outros olhos. E me pergunto sempre “O que faz com que um ser humano seja melhor que o outro?” Não ter um membro do corpo, não enxergar, não ouvir, usar uma cadeira de rodas… Isso nos torna inferiores a qualquer outra pessoa? Isso nos diminui enquanto pessoa?
Lamentavelmente em algum momento da vida seja por uma doença, por um acidente ou mesmo mesmo pela velhice, o ser humano apresentará algum tipo de deficiência, seja ela física, auditiva, visual ou intelectual. Não existe ser humano perfeito. Todos possuímos limites, fragilidades e incapacidades, pois o ideal de perfeição acaba com o nosso verdadeiro humanismo. E é exatamente nas imperfeições, nas diferenças que eu aprendo a respeitar e reconhecer o outro. Quando me coloco no lugar do outro começo a entendê-lo melhor, me solidarizo e entendo a fragilidade do meu semelhante. Isso é crescimento. Entretanto, o estigma do corpo perfeito é imposto, todos os dias, pela nossa sociedade e isso consequentemente tem gerado mais e mais pessoas preconceituosas.
Segundo uma pesquisa da Drª Sandra Regina Shewinsky, a pessoa com deficiência pode suscitar na pessoa preconceituosa afetos diversos relacionados aos mais diferentes conteúdos psíquicos. Essa mesma pessoa já traz consigo preconceitos oriundos da cultura em que vive. A PcD, na verdade, representa uma ameaça, mesmo que imaginária para os outros, pois nela está contida a frágil natureza da humanidade, a possibilidade das limitações que se quer negar e ocultar a qualquer preço. Penso que se o preconceituoso mudasse sua forma de pensar, sob a ótica de que um dia ele também terá suas limitações seja por qualquer um dos motivos que citei nesse texto, certamente sua reação seria completamente diferente.
Abrir o coração para reconhecer o lado positivo de cada pessoa ou a condição em que ela se encontra é dar oportunidade para o autoconhecimento. Por mais difícil que isso possa parecer, sempre existe um lado bom em tudo na vida.
Reconhecer que ninguém é melhor ou pior que ninguém e que apenas estamos caminhamos em ritmos, habilidades e escolhas diferentes, nos ajuda a criar relacionamentos humanos tão enriquecedores, construtivos e especiais. E ninguém perde com isso.
Vera Garcia
Parabéns!