Por não ser cidade acessível, Goiânia transtorna a vida de pessoas com dificuldades na locomoção
Caro leitor, a matéria abaixo foi enviada por Iracema Dantas e foi extraída do jornal Diário de Manhã, Goiânia.
Por
Fabianne Costa – Repórter da Editoria Força Livre
Barreiras Visíveis
No cruzamento da Avenida Anhanguera com Alameda Botafogo e na Avenida Paranaíba, um dos pontos mais movimentados de Goiânia, os cadeirantes não podem passar. Nos poucos locais onde a calçada é rebaixada, há buracos que cabem uma cadeira de rodas inteira dentro.
Calçadas danificadas impedem circulação das cadeiras de rodas, que só no asfalto conseguem rodar sem dificuldade. Porém, outro problema existe: driblar os carros com a própria vida.
Nas proximidades existem escolas como a Peter Pan (Pestalozzi), creches, instituições religiosas como a Irradiação Espírita e diversos estabelecimentos comerciais. A freqüência diária de circulação de pedestres é estimada em 4000 mil pessoas, conforme dados encontrados numa pesquisa dos universitários Pedro Silva Almeida, de Engenharia Ambiental, e do já graduado engenheiro Sandro Pereira Júnior, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO).
De acordo com as informações retiradas do relatório elaborado pelos estudantes, por ser uma área antiga da Capital, grande parte dos transeuntes da região são idosos e muitos apresentam dificuldades de locomoção. É comum observar o uso de bengalas, cadeiras de rodas e até de muletas.
Em função da falta de rebaixamento na calçada da Alameda Botafogo com a Avenida Anhanguera, os cadeirantes são obrigados a ir para a margem da rua, na Avenida Anhanguera mesmo, onde disputam lugar com os automóveis. Alguns precisam fazer força extra com os braços para chegar com segurança até o outro ponto.
A cadeirante Iracema Dantas de Araújo é quem conta o drama vivido diariamente, pois ela, na condição de cadeirante, sofre na pele a falta de acessibilidade das ruas da Capital. “Quem faz, ou melhor, quem deixa de fazer as coisas, pensar que a cidade tem pessoas com mobilidade reduzida, deveria ser punido, pois é uma verdadeira falta de respeito”.
HUMILDADE E CONSCIÊNCIA
Ela diz ainda que quase não sai de sua casa justamente por falta de condições de trafegar pelas ruas da cidade. “Tenho medo de cair, me machucar, tenho sempre que pedir para alguém me acompanhar, pois como não há calçadas preparadas para nós, não podemos andar sozinhos”.
O que deve ser um grande exercício de humildade para quem tem deficiência na mobilidade e precisa da ajuda de outros para chegar onde precisa, deveria mesmo era ser um exercício de consciência pública, onde os governantes seriam obrigados a incluir nas metas das administrações públicas os cuidados previstos nos direitos humanos que garantem a acessibilidade das cidades.
Veja: