Produtos de última geração favorecem somente as pessoas com deficiência de alto poder aquisitivo
Por Vera Garcia*
Caros leitores,
São inúmeros os dispositivos e próteses para facilitar a comunicação e a locomoção de pessoas com deficiência. O Brasil dispõe do que há mais moderno no mundo na área de próteses. Porém, segundo a Abotec (Associação Brasileira de Ortopedia Técnica), menos de 3% dos deficientes físicos brasileiros conseguem ter acesso a essa alta tecnologia devido aos altíssimos preços desses produtos.
Lamentavelmente somente tem acesso a essas próteses e dispositivos de última geração, pessoas com deficiência com alto poder aquisitivo. Ou seja além de você ter uma deficiência você precisa ser rico. Por exemplo, como um amputado do membro superior direito, de baixo poder aquisitivo, terá acesso a uma prótese de última geração que tem o custo de R$250.000,00? No mínimo só através de doação, como foi o caso do ciclista que perdeu um braço após ser atropelado na Avenida Paulista, em São Paulo.
Falo isso com propriedade, porque no meu caso por exemplo, amputada do membro superior direito, não uso prótese até hoje. Primeiro, porque acho um absurdo pagar R$14.000,00 (baseado na última pesquisa que fiz há alguns anos atrás) em uma prótese básica somente para estética, e segundo porque não terei acesso a uma prótese de última geração por causa do valor. E Alguém pode perguntar e o SUS? Infelizmente todo mundo sabe que esse sistema funciona precariamente e só atende casos de produtos básicos. Linha de crédito de acessibilidade da presidente Dilma? Acredito que deve ser também somente para algo básico e precisa estar listado na Portaria Interministerial. Me parece que nessa lista tem 250 produtos.
Um outro exemplo é o óculos de realidade virtual que a canadense Kathy Beitz que tem doença degenerativa, e a deixou com cegueira funcional, conseguiu ver seu filho recém-nascido. Achei fantástica essa matéria, entretanto fico imaginando qual será o custo desse produto quando ele chegar no Brasil.
E quanto ao preço de uma cadeira de rodas motorizada top de linha? Se uma cadeira de rodas básica já é difícil adquirir, imagine uma motorizada.
Infelizmente nosso país está bem longe de promover a independência, autonomia e garantir a dignidade da pessoa com deficiência. Se dificilmente encontramos rampas de acesso, banheiro adaptado e dispositivo de sinalização para cegos em ruas, tendo em vista que isto é um princípio constitucional, o básico que um país pode oferecer para garantir a inclusão inclusão social, o que podemos esperar do acesso a produtos tecnológicos de valores altíssimos?
**Vera Garcia: Blogueira, pedagoga, criadora e administradora dos blogs Criança Especial e Deficiente Ciente.
E você tem ou teve acesso a algum produto de alta tecnologia? Como conseguiu? Se não tem, o que pensa a respeito disso? Deixe seu comentário!
O que me deixa indignado é o abuso que cobram em prótese de última geração e de cadeira de rodas motorizadas top de linha: justificando as pesquisas e materiais… Sendo assim, o Governo, deveria investir nas faculdades de ciências e tecnologia em pesquisas também e no processo de fabricação, subsidiando; barateando para todo o segmento ter o direito de adquirir…
Bom dia Vera, tudo bem? Realmente isso é um absurdo e só acontece no Brasil. Também estou escrevendo um artigo científico sobre o problema do acesso aos brasileiros às próteses. Poderia me enviar o texto da ABOT em que diz que menos de 3% tem acesso a prótese de alta tecnologia? Ficaria muito grato se me pudesse envia-lo. Abraço.
Olá Daniel!
Esse é o link do texto http://www.deficienteciente.com.br/2009/08/proteses-no-brasil-sao-para-poucos.html
Foi extraído do site Rede Saci http://saci.org.br/
Abraço!
Também sou amputado e sei muito bem como é esta situação.
Estou a procura de parceiros ou empresas que tenham vontade e disposição para desenvolver produtos para esta população. Já possuo alguns inícios de projetos.
Isso mesmo Vera Garcia, você descreveu muito bem a situação dos deficientes no nosso país, sou cadeirante e sei bem como é ! Neste país estamos longe de sermos realmente incluídos na sociedade !
É bem assim que acontece Vera Garcia. Sou amputado do MIE a 4 anos acidente de serviço, consegui uma prótese 3R80 ottobock por uma associação em SP e hoje encontro dificuldades para fazer manutenção por causa dos altos preços, só um Liner (meia de silicone) custa R$3.500,00 além de prótese, cadeiras de rodas, muletas ainda tem CNH especial + ou – R$2.000,00, etc.
Todos nos gostariamos ter próteses top mais poucos podem custiar tais proteses haja vista que muitos recebem BPC,tudo para os deficientes são caros