Quando as diferenças na sala de aula só ajudam
A editora Escrituras acaba de lançar o livro Eu Falo Sim, que conta a história de Tomás, um menino que não conseguia se comunicar com as pessoas do jeito que a maioria de nós faz. Tomás e seus colegas de escola aprenderam uma maneira de comunicação, que pode ser diferente, mas que mantém a mesma essência e entendimento. O livro mostra que conviver com pessoas com deficiência, é uma coisa muito natural.
A história de Tomás não é ficção e acontece em todos os lugares do mundo. Na nossa cidade não é diferente, faz parte do dia a dia das escolas a convivência sadia entre crianças de todos os tipos. “Todas as pessoas são especiais, não importa como elas sejam”, conta Bruna Alencar Rolim, de 7 anos.
A estudante está mais que acostumada a conviver com amigos diferentes dela. Para Bruna, ter algum tipo de deficiência não interfere em nada quando o assunto é fazer amizade. “Eu estudo com crianças deficientes desde pequena. Tenho amigos e não separo quem tem ou não tem deficiência”, afirma.
Bruna, assim como muitas outras crianças, aprendem (também) na escola a importância do respeito ao próximo. Um exemplo é a Escola Curumim, que segue o método Freinet. Criado pelo educador francês Célestin Freinet, o método define a escola como uma cooperativa, onde todos se ajudam. “A sala de aula é como um ateliê e cada um trabalha com o que gosta. Os alunos são estimulados a conversar entre si, resolver conflitos e trocar experiências. Tudo com muita franqueza e sem a distinção de quem tem deficiência de quem não tem”, explica a diretora, Gláucia de Melo Ferreira.
Ela conta ainda que, quando encontramos espaço para expressão, ficamos mais à vontade para falar sobre nossos sentimentos. “É bom porque passamos a perceber que somos diferentes, mas podemos viver em harmonia e ajudar uns aos outros”. Passeando pela Curumim, não leva mais que 5 segundos para encontrar crianças brincando juntas. A deficiência de uma ou outra é apenas um pequeno detalhe. Ninguém fica achando que o amigo é um coitadinho, são simplesmente crianças brincando juntas.
Todos são iguais
Outra escola que promove a convivência de igual para igual é o Colégio Lyon Campinas. “Tratamos a todas as crianças de forma igual. Ensinamos para elas o respeito às diferenças”, explica Gabriela Velasco, diretora pedagógica. Apesar de não seguir o método Freinet, o colégio acredita que o cooperativismo é a melhor maneira de promover o acolhimento a todos. “Nos trabalhos em grupo, cada um contribui com o que tem de melhor. Assim todo mundo participa, é valorizado por sua habilidade e todos saem ganhando”, conta Maricélia Saragiotto, diretora de projetos do Lyon. Quando um aluno deficiente chega ao colégio, a classe é preparada para recebê-lo da maneira mais calorosa possível. “Contamos para as crianças sobre o novo amigo e que ele deve ser bem recebido, mas tratado como qualquer outra pessoa. Quando ele chega, todo mundo quer fazer amizade”, conta.
É bom lembrar que a criançada não bajula pela deficiência, mas pela felicidade de ter um novo amigo. No Lyon, à sua maneira, todo mundo participa de tudo. Na sala de aula, quem não consegue aprender com o caderno, usa o computador. Na quadra, quem não pode jogar futebol com os pés, usa as mãos. “Nosso aluno Rean Ferreira, que é cadeirante, adora jogar. Ninguém estranha que jogue com as mãos; o importante é ele participar”.
Amizade Especial
A estudante Gabriela Dias de Melo, de 13 anos, mantém até hoje a amizade especial que fez ainda criança. Quando o amiguinho deficiente chegou à escola, ela ainda não entendia bem sobre o assunto. “Eu achava estranho, não entendia, mas queria ajudar. A professora explicou e aos poucos fui entendendo”, lembra. Daquele tempo, a amizade só cresceu e hoje, mesmo em escolas diferentes, a dupla mantém a ligação de carinho. “Eu conheço a família dele, vou nas festas de aniversário e sempre falamos por telefone”, conta. Nessa convivência, Gabriela aprendeu que, mesmo com algumas dificuldades, o amigo não é tão diferente assim. “Eu o vejo como uma pessoa comum, que tem os mesmos direitos e também as mesmas responsabilidades que as minhas”, opina.
Fonte: Correio Popular de Campinas (18/09/2010)
Acesse aqui e veja outras matérias sobre educação e a pessoa com deficiência.
Adorei o texto. É impressionante a diferença que faz para a criança conviver com outra que tem necessidades especiais, faz para ambas e juntas elas crescem!
bjs,
Carol
Com certeza, Carol. É uma convivência riquíssima para ambas!
Beijos!
Sou pedagoga e gostei muito do texto, pois toda criança deve conviver umas com as outras. bjosss.