Reflexões de Fim de Ano: A Luta Pelos Direitos das PcDs
Mais um ano chega ao fim, e enquanto muitos de nós olhamos para trás com gratidão pelos momentos vividos, é impossível ignorar os desafios que se apresentaram, especialmente para nós, pessoas com deficiência. Este foi um ano em que, infelizmente, vimos direitos das PcDs importantes, conquistados com tanta luta, serem ameaçados ou mesmo retirados.
Um exemplo claro é a recente mudança nos critérios de isenção de impostos para a compra de veículos por pessoas com deficiência (PcD). Antes, esse benefício era acessível a um grupo maior de pessoas que enfrentam desafios diários. Agora, com a alteração, apenas quem possui deficiência moderada ou grave poderá usufruir do direito. Essa decisão não só exclui muitas pessoas que precisam de um carro adaptado, mas também ignora as nuances e particularidades de diversas deficiências.
E esse não é um caso isolado. O governo está ampliando esse tipo de critério restritivo para outras áreas, como o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), garantido pelo LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social). Esses benefícios, que deveriam ser um suporte para promover dignidade e inclusão, estão se tornando cada vez mais difíceis de alcançar. Até onde isso vai chegar?
O impacto das restrições
As mudanças em benefícios e direitos para as pessoas com deficiência não são apenas números ou regras em papel. Elas têm consequências reais na vida de quem depende desses auxílios. O que está em jogo não é apenas o acesso a bens ou serviços, mas a garantia de uma vida digna e a inclusão social.
Um carro, por exemplo, não é apenas um veículo para quem tem deficiência. Ele representa independência, acesso a tratamentos médicos, transporte para trabalho ou estudo. Retirar esse direito de quem realmente precisa é tirar mais do que um benefício financeiro; é limitar oportunidades de vida.
No caso do BPC, estabelecer critérios mais rígidos significa deixar de lado pessoas que vivem em situações de vulnerabilidade extrema. São famílias que dependem desse auxílio para pagar contas básicas, comprar remédios e sobreviver. Quem toma essas decisões parece não compreender (ou prefere ignorar) o impacto que isso tem nas comunidades mais vulneráveis.
Vemos também cortes em programas de acessibilidade, a falta de incentivo para a inclusão no mercado de trabalho e a negligência em áreas essenciais como saúde e educação inclusiva.
A falta de empatia e atitude dos governos
O que mais assusta não é apenas a retirada de direitos, mas a forma como essas mudanças acontecem: sem diálogo, sem ouvir as pessoas com deficiência e sem considerar o impacto real dessas decisões. A falta de empatia e respeito por parte dos governos é gritante.
É preciso lembrar que as conquistas dos direitos das pessoas com deficiência não vieram de graça. Foram resultado de décadas de lutas, mobilizações e esforço coletivo para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. E agora, estamos vendo esses avanços sendo desfeitos de forma progressiva.
O que nos espera no futuro? Será que outros direitos conquistados também estão ameaçados? Como fica o sonho de uma sociedade mais inclusiva quando quem deveria protegê-la prefere retroceder?
Precisamos de mais empatia e respeito
Não estamos pedindo privilégios. Estamos pedindo respeito, dignidade e igualdade de oportunidades. Queremos políticas públicas que considerem as reais necessidades das pessoas com deficiência, não critérios cada vez mais restritivos que ignoram nossas lutas e histórias de superação.
O que falta é uma sociedade que valorize a diversidade e reconheça que inclusão não é caridade, mas um direito básico. Que os governos ajam com responsabilidade, empatia e compromisso. Que ouçam as pessoas com deficiência antes de tomarem decisões que afetam diretamente suas vidas.
Encerramos o ano, mas a luta continua
Chegamos ao fim de mais um ano, com o coração cheio de gratidão por quem esteve ao nosso lado na luta. Mas também com o alerta de que ainda temos muito a conquistar e, infelizmente, muito a defender. Não desistimos, e não vamos desistir.
Desejo que 2025 seja um ano de mais empatia, respeito e atitudes concretas em prol de uma sociedade mais inclusiva. Que possamos seguir juntos nessa caminhada, enfrentando os desafios, mas também celebrando cada vitória.
A todos, um Feliz Ano Novo, com muita saúde, força e esperança. Que o próximo ano seja mais justo para todos nós!
Por Blog Deficiente Ciente