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Repórter Flávia Cintra passa por experiência única com exoesqueleto: ‘Foi a primeira vez que eu andei em mais de 32 anos’

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Tetraplégica há mais de 30 anos, a repórter do Fantástico Flávia Cintra esteve em Nova York para testar um exoesqueleto; saiba como funciona a tecnologia. Na Suíça, cientistas conseguiram fazer um homem paraplégico andar, usando implantes cerebrais.

A repórter Flavia Cintra foi a Nova York para viver uma das experiências mais impactantes de sua vida. Tetraplégica há 32 anos, desde que sofreu um acidente de carro, ela conheceu exoesqueleto Atalante, um robô com 12 motores espalhados pela estrutura que fazem o papel das articulações naturais do corpo, “abraça” e ajuda pessoas com algum tipo de paralisia a voltar a caminhar.

Para viver a experiência, ela teve que passar por um mês de preparação para suportar os impulsos necessários e fazer a caminhada com o exoesqueleto. “Depois de 32 anos assim, sentada, eu vou ficar de pé e caminhar outra vez”, diz.

Fase 1: Treinamento

Em conversa com um médico, ela se preparou para o desafio. Precisaria fazer fortalecimento e mudar a condição física para poder iniciar o treinamento como exoesqueleto.

“Obviamente não dá para me colocar de pé sem uma preparação, senão eu vou desmaiar. Depois de tanto tempo sem ficar de pé”, fala Flávia.

Para usar o exoesqueleto, antes é preciso passar por um equipamento robótico que simula uma caminhada na esteira: o Locomat. A máquina potencializa o pequeno movimento que não é suficiente para ficar em pé e andar.

Foi um mês de treinamento intenso. Foram horas de caminhada, com 10 quilômetros.

“É muito mais do que eu já consegui em 32 anos”, diz a repórter.

Fase 2: 1º passo

Nos Estados Unidos, finalmente chegou a vez de experimentar o exoesqueleto.

“Ali está ele. Parece leve. Estou ansiosa, muito ansiosa”, revela.

Mas antes é preciso transferir todas a medidas para fazer a customização do exoesqueleto para que o exoesqueleto se encaixe perfeitamente nas articulações de Flavia.

“Da cadeira, muita gente não percebe. Eu nem me lembrava, mas tenho 1,80 m de altura”, diz ela ao ficar de pé.

“Sempre começa com o seu pé direito… se inclina para frente. Mais rápido. Mantenha o seu corpo firme. É isso””, orienta a fisioterapeuta que acompanha Flavia.

A primeira caminhada finalmente aconteceu. Ela durou segundos.

“Gente, eu tô andando. Muito bom. Ainda não consigo elaborar… gente, é muito bom. É meio desengonçado, mas acho que melhora com o treino. Foi muito bom. A sensação de estar sentindo o peso do meu corpo contra os pés no chão”, suspira ela. E completa: “Todo mundo tem que poder viver isso”.

Fase 3: adaptação e evolução

Segundo Britany, a fisioterapeuta, até agora a máquina fez todo o esforço. O próximo passo vai fazer com que 10% do esforço seja feito pela própria Flavia.

O exoesqueleto tem quatro modos pré-configurados: andar para frente, dar a volta, andar para os lados e andar para trás. Primeiro, a fisioterapeuta define a direção.

“Nas minhas costas, tem um sensor que detecta meu impulso para, então, iniciar o movimento. Doze motores espalhados pela estrutura fazem o papel das articulações naturais do corpo: tornozelo, joelhos e quadril”, explica Flavia.

Ela explica que tem a sensação de estar fazendo o movimento. Que sabe que não faz sozinha, mas junto. “E a experiência traz de volta essa deliciosa sensação de cansaço físico”.

Foram 27 minutos de pé e 525 passos, o que fez Flavia Cintra terminar o dia com as pernas tremendo.

“Andar esses metros, para mim, foi uma maratona. Foi a minha maratona”, diz.

No dia seguinte, Flavia sente que está fazendo bem mais esforço e revela que é muito parecido com o que se lembra da experiência de andar.

“Estou me sentindo mais ansiosa e em sintonia com a máquina. É como dançar de verdade. Eu estou dançando”, diz ela.

Nesse momento, explica Britany, o percentual de auxílio da máquina em cada perna foi, na média, 74%. E Flavia andou mais e fez mais força.

Após a experiência, a sensação é de que a caminhada continua.

“Eu não vou parar, seja na minha cadeira ou de pé, porque, pra mim, o melhor disso tudo é a jornada.

O futuro da tecnologia

O Fantástico conversou com Gary Vails, que representa a fabricante do produto. Ele conta que o exoesqueleto recebeu aprovação da agência reguladora americana para ser usado na recuperação de pacientes de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“No futuro, nós queremos desenvolver um aparelho para uso em casa. Mas isso exige aperfeiçoamento da engenharia. Precisamos garantir que o exoesqueleto seja seguro para ser usado fora de um centro de reabilitação”, conta.

Fonte: G1

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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