Revoltada? Nunca! Indignada? Sempre!
Por Sonia Dezute
Tem coisa pior que uma pessoa com deficiência encontrar sua vaga de estacionamento ocupada por um engraçadinho? Sim, encontrar uma multa por estacionar numa vaga direcionada a ele próprio!
Pior ainda é a obrigatoriedade de um cartão de identificação, que de segurança não tem nada pois exibe seus dados pessoais no painel do carro para que todos possam ver.
Já não chega a CNH não ser reconhecida como documento nacional? Inacreditavelmente descobri ser este documento reconhecido pela Receita Federal, mas não pela Secretaria da Fazenda! Ora, o Estado não se encontra dentro da União?
Tem algo pior? Claro que tem! O constrangimento de eternas provas com eternos laudos médicos (que não saem graciosamente). Um médico ortopedista do SUS, quando existir em nossa cidade, pode levar até três meses para nos atender.
Em todo lugar, em todos os órgãos públicos laudos e mais laudos médicos comprovando uma deficiência que, se não existisse, a CNH com os itens em destaque, não seria possível.
O que está escrito em nossa CNH não significa nada apesar de ser um documento que custa o dobro do valor de uma CNH comum, com o dobro de fiscalização. Nunca esqueço que fiz meu teste com um médico do lado e dois fiscais no banco de trás.
Acho que os órgãos públicos esperam um milagre, que a deficiência de uma pessoa desapareça de uma hora para outra, por isso a necessidade de se exigir tantas provas de deficiência. Não seria mais ético e justo assinalar que a deficiência é irreversível, não progressiva?
Seria hilário não fosse patético! A acessibilidade desaparece dentro da burocracia sem lógica e nem está contemplada nas leis erradas e falhas!
O fato de ser lei deveria facilitar a vida de uma pessoa com deficiência. Longe desse intuito, as políticas públicas dificultam cada vez mais e mais, a ponto de muitos desistirem pelo cansaço. A justiça não se faz enquanto tais políticas forem legitimadas e aceitas como imposições finais. Quando algo, que aos olhos de um cidadão comum é considerado como privilegio, passa a ser um transtorno e penitência na sua praticidade, que nome damos a isso?
Um DETRAN que lhe obriga a uma viagem de mais de 500Kms (ou mais) só pode ser martírio! Ser obrigado a pernoitar cinco dias em uma cidade desconhecida, sem conhecer seus caminhos! Ser obrigado a refazer três vezes a CNH em menos de quatro dias! Passar por um exame, ser rejeitado, voltar ao DETRAN, regressar ao mesmo médico! Que definição podemos dar quando se exige a presença do requerente mas não se fornece os meios de transportes e/ou acomodações?
Exige-se exames em veículos adaptados, mas não disponibiliza-se o mesmo! E, observem, que nem estou mencionando o tempo de espera
para conseguirmos todo e qualquer documento. Mesmo com a infinita papelada para conseguirmos isenções de impostos ainda esperamos meses a fio para aprovação das isenções dos impostos. Senhores burocratas, uma bancada itinerante não resolveria essa questão de maneira mais ética e sensível?
No resumo desta via crucis o resultado foi que comprei o carro com a isenção de IPI mas não de ICMS e nem IPVA porquanto para toda essa trajetória se fazia necessário um veículo para percorrer 400km até o DETRAN!
Cidadão com deficiência exija seus direitos e corra o risco de ser vítima de um colapso nervoso! Quem pode com o DETRAN?
Veja: