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Sem uma mão, estilista goiana quer ser "fada madrinha" de noivas carentes

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Por Jéssica Nascimento

A designer de moda Juliana Pereira dos Santos, 29, foi abandonada na infância após sofrer queimaduras que a deixaram sem uma das mãos, além de ter sequelas nos pés. Conhecida Goiânia como “fada madrinha” das noivas, a estilista venceu as limitações físicas e hoje tem seu próprio ateliê, onde fatura de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês com vestidos confeccionados por ela mesma. Leia abaixo o depoimento de Juliana.

“Fui abandonada no hospital de queimaduras de Goiânia aos quatro anos. O motivo do acidente é um mistério. Primeiro falaram que caí em cima de cinzas em uma fazenda. Depois disseram que uma vela caiu no colchão que eu estava. Enfim, no hospital em que fui deixada, havia um voluntário, que hoje é meu padrinho. Ele falou da minha história para a dona Zélia, que se sensibilizou e foi me visitar. Mesmo com dois filhos e mais oito do meu pai, ela acabou me adotando.

A designer de moda Juliana Pereira dos Santos, 29, em seu estúdio em Goiânia. Conhecida em Brasília e Goiânia como "fada madrinha" das noivas, a jovem venceu as limitações físicas e fatura de R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês com vestidos feitos por ela mesma. Foto: Arquivo pessoal.
A designer de moda Juliana Pereira dos Santos, 29, em seu estúdio em Goiânia. Conhecida em Brasília e Goiânia como “fada madrinha” das noivas, a jovem venceu as limitações físicas e fatura de R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês com vestidos feitos por ela mesma. Foto: Arquivo pessoal.

Depois de um tempo, minha mãe biológica os procurou por interesse financeiro. Não tenho vontade de conhecê-la. Hoje sou mãe e, mesmo com toda dificuldade, meu filho sempre será minha prioridade. É imperdoável o que ela fez.

Na escola, sofria muito preconceito.

As crianças apontavam e riam de mim. Era chato, me chamavam de pata de cachorro. Na adolescência, como me vestia bem, chamava atenção mais pelo estilo do que pela deficiência.

Aos 15 anos, minha irmã começou a namorar um jovem artista plástico que me ensinou a desenhar e me levava para desfiles. Eu já amava costurar. Fazia vestidos de revistas para bonecas, me vestia de um jeito superdiferente e estudava as tendências da moda, além de sempre customizar minhas roupas. Nessa idade, também passei por diversas cirurgias ortopédicas para correção dos ossos nos pés e nas mãos.

Em 2005, entrei para a faculdade de moda e comecei a trabalhar em um call center para pagar a mensalidade. As pessoas começaram a se impressionar por meus desenhos. Porém, eu sempre dizia que as criações saíam das minhas mãos, mas que vinham do meu olhar.

Com a prática da faculdade, comecei a fazer shorts customizados que foram utilizados pela blogueira Thássia Naves. Com isso, ganhei diversos seguidores nas mídias sociais.

Em fevereiro de 2014, parei com os shorts e decidi que queria produzir vestidos de noiva. Comprei uma passagem para Europa e fui em busca do meu sonho.

Entretanto, faltando pouco tempo para viagem, tive problemas e fiquei sem dinheiro para ir. Então resolvi pedir ajuda dos meus seguidores. Muitas pessoas me mandaram pequenas quantias para me ajudar e consegui juntar o suficiente para ir e passar 20 dias. Lá, aprendi muito e também vendi algumas peças.

A designer de moda Juliana Pereira dos Santos, 29, em seu ateliê em Goiânia. Em fevereiro de 2014, ela decidiu que queria produzir vestidos de noiva e abriu o ateliê em março, após um curso na Europa. Foto: Arquivo pessoal.
A designer de moda Juliana Pereira dos Santos, 29, em seu ateliê em Goiânia. Em fevereiro de 2014, ela decidiu que queria produzir vestidos de noiva e abriu o ateliê em março, após um curso na Europa. Foto: Arquivo pessoal.

Com cerca de R$ 250, abri meu próprio ateliê em março, em Goiânia. Desde então, nunca parei. Consigo montar cinco vestidos criados especialmente para aquela noiva que me procura. Cobro de R$ 800 a R$ 6 mil e tenho quatro funcionários. Me sinto uma artista pintando um quadro e as clientes são minhas musas e minha tela.

O dia em que eu não tenho montagem de clientes, foco nas vendas online e negociação com noivas de outros Estados. Hoje meu maior público vem de Brasília, Minas Gerais e São Paulo. O contato é feito por WhatsApp e Skype.

Aos sábados, geralmente é o meu dia de descanso e felicidade. Sempre fico olhando as fotos nas redes sociais das minhas clientes casando e me sinto realizada.

“Fada das noivas”

Como recebi diversas ajudas durante a minha vida, criei um projeto chamado “fada das noivas”. Seleciono dez mulheres e só cobro o valor de custo do vestido. Entretanto, elas não sabem nada do seu vestido e confiam 100% em mim. Só veem a peça um mês antes do casamento.

Atualmente meu maior sonho é montar um projeto para ajudar noivas carentes que não têm condições de ter um casamento dos sonhos. Para isso, estou montando uma rede de fornecedores de casamento para tentar sortear uma noiva por mês.

Ela terá um casamento simples e único, porém inesquecível. Já fizemos isso com uma noiva e foi incrível, agora quero fazer sempre.

Já passei e passo por diversas dificuldades. Várias vezes já chorei e gritei pedindo socorro, mesmo assim nunca desisti. Acho que para vencer na vida nunca devemos sentir pena de nós mesmos. O segredo é correr atrás dos sonhos, pois o “não” já temos. A busca deve ser sempre pelo sim.”

Fonte: UOL

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

2 comentários sobre “Sem uma mão, estilista goiana quer ser "fada madrinha" de noivas carentes

  • Eu diria uma linda história da realização de um sonho, em uma sociedade que rotula,julga e discrimina… não vejo como superação, mas, um desafio. Desafio esse, que todos deveriam seguir, encorajando-se a enfrentar obstáculos buscando sempre o sim que nos é negado.
    Belíssima história de empoderamento!!

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    • Levei um golpe dessa estilista Juliana Santos,omprei 2 vestidos ela nunca enviou,noivas cuidado abram o olho.

      Resposta

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