Sinal vermelho para o diabetes
Terapia com células-tronco consegue deter avanço do tipo mais agressivo da doença
“É a primeira vez que se consegue fazer com que pacientes parem de tomar insulina” diz o endocrinologista Carlos Eduardo Couri, um dos autores do estudo.
A nova terapia, ainda em caráter experimental, anima quem sofre da enfermidade, como as 1,7 mil crianças e adolescentes atendidos no Instituto da Criança com Diabetes (ICD), em Porto Alegre. Eles lutam para manter os níveis de glicose sob controle e não sofrer as consequências da doença enquanto a terapia não é incluída no rol de tratamentos disponíveis.
“É um trabalho comentado, discutido e aplaudido no mundo todo. Mas são necessários cuidados especiais com o paciente, que tem seu sistema imunológico ‘apagado'”, alerta o endocrinologista Balduíno Tschiedel, diretor-presidente do ICD, ligado ao Grupo Hospitalar Conceição.
Com o uso de células-tronco, os médicos da USP conseguiram deter o avanço do diabetes tipo 1 reprogramando o sistema imune do paciente. Nos que possuem a enfermidade por uma razão ainda desconhecida, as defesas do organismo enxergam o pâncreas como um inimigo e impedem que o órgão produza insulina da forma correta. Para acabar com esse ataque do próprio organismo, seria preciso consertar o mau funcionamento do sistema imunológico. O que se conseguiu até agora foi exatamente isso.
Na terapia, as células-tronco são retiradas da medula óssea do paciente e congeladas em seguida. Duas semanas depois, inicia-se o processo mais complicado: sessões de quimioterapia, iguais às usadas para combater o câncer, reduzem a atividade do sistema imune. Quando as defesas estão quase a zero, as células são reinjetadas. De volta ao organismo, recriam o sistema imunológico, que passa a funcionar da maneira certa.
“É o mesmo raciocínio que se tem quando o computador dá problema. O que se faz? Desligamos e ligamos de novo. Desligamos o sistema imune com a quimioterapia e o ligamos com as células-tronco” explica Couri.
Até o momento, o modo mais eficaz para tratar o diabetes tipo 1 é ensinar seus os que sofrem da doença a controlar os níveis de glicose no sangue. É graças a isso que os pacientes atendidos no ICD conseguem fazer o que era considerado impossível: correr. Um dos grupos treina toda semana para maratonas. Essa já é uma vitória concreta.
Fonte: Rede Saci (29/08/09)
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