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'Tive que reaprender a ser pai', diz aposentado que teve filha aos 68 anos

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Fernandino teve três filhos na juventude e uma filha na terceira idade. Ex-bancário se dedica integralmente à filha com síndrome de Down.

Por Alex Rocha

Aos 81 anos, o aposentado Fernandino Guimarães destaca a paternidade como uma das experiências mais preciosas e transformadoras em sua vida. No primeiro casamento, ele teve Mariauda e Maristela, de 52 e 51 anos, além de Marcelo, de 50 anos. Já durante o segundo relacionamento, aos 68 anos, ele ganhou Marina, hoje com 14 anos, e o desafio de educar e cuidar de uma filha com síndrome de Down.

“Na primeira vez, ser pai é um aprendizado e a experiência vai sendo adquirida. Filhos têm personalidades diferenciadas e é preciso aprender a lidar de maneira que eles absorvam melhor o ensinamento. Quando você acha que está sabendo de tudo, chega algo pra mostrar que não se sabe ainda. Eu tive quase que reaprender a ser pai”, afirmou.

Fernandino Guimarães e a filha Marina (Foto: Fernandino Guimarães / Arquivo Pessoal)
Fernandino Guimarães e a filha Marina (Foto: Fernandino Guimarães / Arquivo Pessoal)

Quando a primeira filha nasceu, Fernandino tinha 28 anos e trabalhava como bancário em São Paulo. Por causa da dedicação à carreira, a família precisou mudar de cidade algumas vezes, passando também por Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O pai relembra que, mesmo com a rotina trabalhista e as mudanças de cidade, não abria mão de compartilhar momentos com os três filhos.

“Basicamente eles ficavam com a mãe durante a semana, mas mesmo durante o trabalho eu estava presente levando em um médico ou na escola. Sempre trabalhava em horário integral e era meio difícil conciliar a vida de pai com a de bancário. No fim de semana, éramos mais companheiros, sempre acompanhava em festas e passeios”, recordou.

Atualmente, os três primeiros filhos moram em São Paulo e são padrinhos de Marina, a caçula, que vive em Uberaba, município no Triângulo Mineiro. A filha mais velha, Mariauda Berbert Guimarães, guarda na memória os tempos em que morava com o pai, e não poupa elogios.

“Ele é maravilhoso, acho que não existe pai melhor, está sempre preocupado e em contato. A gente morou muito tempo fora e, mesmo sendo bancário, era muito presente. Tínhamos casa na praia e viajávamos sempre nas férias, e também para o sul do país”, afirmou.

Mariauda relembra também que a preocupação foi geral com o nascimento de Marina. Segundo ela, todos se abriram para a felicidade e o aprendizado que chegou junto com a irmã. A mudança maior foi percebida no pai.

“Fomos nos aperfeiçoando para lidar com ela e, com o tempo, vimos que foi um presente para todos nós. Uma vez eu perguntei pra ele se foi a mesma sensação de quando eu nasci. Brincando, ele disse que já não lembrava. Percebo que ele mudou, pois já estamos todos criados. Ele sempre foi rígido com a educação, mas ficou diferente com a chegada da Marina, brincamos que ele agora é um pai-avô”, completou.

Amorosa, a filha mais nova preparou uma surpresa para demonstrar a gratidão e sentimento pelo pai no dia dos pais. “Eu estou com um bilhete dos pais que fiz na escola e vou dar pra ele. Escrevi que é muito amor e carinho que sinto por ele. Ele também me ama e leva pra todo lugar”, disse.

Dedicação integral

Pai de Marina quando já era aposentado, Fernandino confirma as mudanças no jeito de exercer a paternidade. Para isso, ele e a atual esposa, que foi mãe aos 38 anos, buscaram aprendizado pessoal, além de acompanhamento constante para a saúde e desenvolvimento da filha.

“Nessa época, morava em uma chácara em São Paulo e quando ela tinha um mês de idade já procuramos psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Foi um aprendizado diferente e no final deu tudo certo. Ela ainda não capta bem o que é falado, ela esquece rápido. Você tem que mostrar o que é certo fazendo e tendo determinado comportamento para que ela veja e faça igual. Essa é a diferença básica em relação à educação que dei para os outros”, disse.

A geração de Fernandino é continuada com netas de 24 e 11 anos e um neto de 13, que visitam frequentemente o avô. Segundo ele, a profissão de bancário foi substituída pela de pai integral. “De manhã, levo a Marina na professora particular duas vezes por semana e uma vez para a equoterapia. À tarde, ela tem escola e também levo e busco. Para o futuro, a coisa que mais penso é um bom relacionamento entre todos, porque isso é essencial para a harmonia de uma família”, afirmou.

Fonte: G1

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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