Tommy Hilfiger revela que três de seus filhos têm autismo e fala sobre linha adaptive
Conhecido por seu tino de negócios, Tommy Hilfiger começou seu império com US$ 150, mas não são apenas os negócios que o move. Pai de três autistas, a marca hoje é a maior referência em moda adaptável e inclusiva entre as grandes grifes, justamente por ele ter vivido de perto a dificuldade que sua família encontra ao se vestir. A Tommy Adaptive, lançada em 2016, chega no no e-commerce da marca no Brasil.
Em entrevista ao Jornal The Guardian Hilfiger conta um pouco sobre sua história:
“Conheci Susie, que trabalhava em uma de minhas lojas, quando ela tinha 17 anos e eu tinha 20 e poucos anos. Compartilhamos uma paixão por design e roupas e, cinco anos depois, nos casamos. Perdemos nosso primeiro bebê; Susie teve uma gravidez ectópica, que foi traumática. Quando nossos quatro filhos eram pequenos, eu realmente tive que trabalhar duro para encontrar tempo para ser pai, enquanto minha vida profissional se tornou muito exigente. Acho que isso prejudicou o casamento.
Minha filha mais nova, Kathleen, foi diagnosticada como autista quando tinha cinco anos, então nos concentramos em dar a ela o melhor cuidado e atenção. Minha filha mais velha, Ally, ficou muito doente durante a infância e finalmente foi diagnosticada com a doença de Lyme, no final da adolescência. Ela sofreu muito, mas, com muita ajuda, ela superou.
Quando conheci minha segunda esposa, Dee, descobri que ela tinha um filho com necessidades especiais, o que nos aproximou. Estar casado pela segunda vez é definitivamente diferente. Agora temos um filho, Sebastian, que também está no espectro autista. Ele está indo bem e tem muitas contribuições de terapeutas. Nós dois trabalhamos com uma instituição de caridade, Autism Matters, para tentar aumentar a conscientização sobre a condição.”
“Nosso filho Sebastian contava passos com um ano e meio e aos 2 parou de contar, parou de falar. Ele estava balbuciando um pouco e então simplesmente parou. Então, nós o testamos e, obviamente, foi um choque. Mas uma vez que você supera o choque, você planeja fazer algo a respeito”, disse Tommy ao apresentador Michael Strahan.
“A intervenção precoce é realmente a chave. Se você sente que seu filho está errado de alguma forma… se eles não estão respondendo ou se eles parecem estar em seu próprio mundo, você deve testá-los, e quanto mais cedo você os testar, mais cedo você pode intervir”, disse Tommy.
O TEA é um transtorno do desenvolvimento que afeta a capacidade de se comunicar e tem uma ampla gama de sintomas e habilidades. De acordo com a Mayo Clinic, alguns sintomas, que geralmente aparecem durante o primeiro ano de vida de uma criança, são pouco frequentes.
Em 2011, Tommy Hilfiger, estilista que faz sucesso no mundo inteiro, usou sua fama para sensibilizar seu público para a questão do autismo. O estilista apareceu em um anúncio de serviço público de filantropia Autism Speaks para homenagear sua filha Kathleen, de 17 anos, que tem espectro autista.
“Kathleen me acorda no meio da noite e vem me perguntar o seguinte: “Eu sou inteligente? Alguém na escola me disse que eu sou uma retardada, isso é verdade?”. É de cortar o coração! Eu gostaria que mais pessoas se sensibilizassem e se preocupavam com isso”, diz Hilfiger.
“Sempre foi meu sonho construir uma grife global da qual todas as pessoas possam fazer parte. Tenho conhecimento de causa de como é difícil para algumas pessoas com deficiência se vestirem. A moda é sobre a auto expressão, e ninguém deveria ficar de fora dessa experiência”, diz Hilfiger em entrevista à Vogue.
O design adaptativo, que ajusta as modelagens das roupas para pessoas com deficiência, tem um valor de mercado potencial de US$ 64,3 bilhões, de acordo com a Coresight Research, mas segue pouco explorado. “Eu queria que outras grifes nos seguissem, mas isso tem acontecido de maneira muito devagar, o que para mim é incompreensível. Não sei porque mais empresas não estão se juntando a nós.”
As modificações precisam ser diversas e específicas para considerar a ampla gama de necessidades, desde as sensibilidades vivenciadas por clientes com autismo, até a especificidade de uma pessoa com paraplegia. Pesquisas e muito feedback de pessoas usuárias são cruciais no processo. Calças para cadeirantes, por exemplo, precisam levar em conta o posicionamento de costuras e bolsos para garantir o conforto e a facilidade de movimento. Zíperes que podem ser acionados com uma única mão, botões magnéticos e fechamentos com velcro são alterações a serem consideradas. Quando Hilfiger entrou neste mercado, ele era ocupado basicamente por marcas de roupas funcionais e terapêuticas, pensadas sobretudo para pessoas idosas.
“Desde que lançamos, seguimos aumentando a oferta de produtos e oferecendo designs mais alinhados com as tendências. Começamos com básicos, mas esses consumidores também querem roupas fashion.”
Manter a estética da marca nas peças adaptadas é uma prioridade inabalável, ele garante. “Não queremos que as pessoas saibam que há uma diferença. É importante ter a mesma qualidade, as mesmas cores, o mesmo design. Eu sei que as pessoas querem sair na rua sem chamar atenção para si, querem usar as mesmas roupas que seus amigos. Há diferentes grupos e é importante que quem tem deficiência possa estar em qualquer turma que quiser.”
Fonte: Vogue; Daily Mail e The Guardian