Transporte acessível, medalha de ouro
PARABÉNS, UBERLÂNDIA!
Mobilidade urbana é colocada em prática em Uberlândia e cadeirantes ganham tempo e qualidade de vida
Um ano depois da implantação pioneira em nível nacional da frota do transporte público totalmente acessível para pessoas com deficiência, o conceito de mobilidade urbana em Uberlândia começou a ser colocado em prática pelos usuários cadeirantes do Sistema Integrado de Transporte (SIT) em qualquer ponto de ônibus nos quatro cantos da cidade.
“A frota é 100% adaptada e a nossa vida melhorou 100%”, afirmou a dona de casa Luciélia Pereira Gomes, mãe da estudante Bruna Thais Gomes de Brito, 15 anos, deficiente física desde um ano de idade.
A história da estudante exemplifica a melhora na qualidade de vida das pessoas com deficiência que hoje podem usufruir da acessibilidade irrestrita no transporte público uberlandense, iniciada em agosto de 2009.
“Muita coisa mudou de lá para cá. Agora tenho mais chances de sair e de um jeito mais rápido. No lugar onde eu moro, não eram todos os ônibus que tinham elevador”, afirmou a estudante, que reside no bairro Morumbi, região leste de Uberlândia.
O tempo de espera no ponto de ônibus diminuiu e as oportunidades aumentaram para a garota que teve uma doença genética nos ossos que a impediu de andar. O período em que ela ficaria esperando na cadeira de rodas por um dos poucos ônibus com elevador, agora a estudante utiliza dentro da piscina do Uberlândia Tênis Clube (UTC) para treinar natação.
A espera no ponto do ônibus para fazer o deslocamento de mais de 10 quilômetros entre a rua do Facão até o clube em que treina no Centro de Uberlândia foi reduzida com todos os ônibus da linha Morumbi/Terminal Central, providos de elevadores.
Segundo cálculos da Secretaria de Trânsito e Transportes (Settran), este tempo de espera com a frota 100% adaptada não passa de 15 minutos, em média, para pessoas com deficiência pegarem um ônibus. “Hoje espero uns 10 minutos pelo ônibus aqui no Morumbi. Antes levava quase meia hora”, disse a estudante.
Na piscina, o tempo também diminuiu nos 50 metros livre no estilo de nado crawl. Nadadora paraolímpica, Bruna Thais expandiu sua mobilidade além dos limites de Uberlândia e acaba de chegar de São Paulo com duas medalhas de ouro e uma de prata no peito na primeira competição paraolímpica disputada pela estudante.
Ela participou das Paraolimpíadas Escolares, entre os dias 6 e 11 de setembro, em São Paulo (SP). Bruna venceu as provas de 100 metros e 50 metros livre, estilo crawl, e ficou em segundo lugar nos 50 metros peito. “Nos 50 metros livre fiz tempo de 1 minuto e 13 segundos. Quando eu comecei a treinar, o meu tempo era 1 minuto e 25 segundos”, afirmou Bruna Thais.
Licitação previa 100% de acessibilidade
Em agosto de 2009, após concluir o processo de licitação para a concessão do serviço de transporte público para novas empresas, Uberlândia foi a primeira cidade brasileira a ter toda a frota de ônibus acessível para pessoas com deficiência. A cidade saiu na frente das demais e se adaptou com antecedência à obrigatoriedade contida no Decreto Federal 5.296, que prevê a implantação de 100% de ônibus acessíveis em todo o país no transporte coletivo urbano até 2014.
Hoje são 64 bairros integrados em Uberlândia e cinco distritos, além de vilarejos, como a Tenda dos Morenos e Olhos D`água, atendidos por 395 veículos do Sistema Integrado de Transportes distribuídos em 108 linhas de ônibus totalmente acessíveis para pessoas com deficiência.
“Quando fizemos a licitação, houve a oportunidade de resolvermos dois problemas: ônibus velhos e falta de acessibilidade. Quanto mais novos os veículos, maior pontuação teria a empresa e quanto mais ônibus acessíveis com elevador, mais pontos a empresa alcançaria na licitação. Assim, atingimos em agosto de 2009, os 100% de frota acessível”, afirmou o secretário de Trânsito e Transportes (Settran), Paulo Sérgio Ferreira. “A quantidade de reclamações dos usuários diminuiu consideravelmente”, afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett), José Luiz Rissato.
Veículos com piso baixo são prioridade do SIT
Depois de implantada a integralidade do transporte coletivo acessível, o objetivo é aumentar a oferta de ônibus com piso baixo no Sistema Integrado de Transportes (SIT). Este tipo de veículo torna desnecessária a utilização do elevador. “O problema é o preço. Ele custa praticamente o dobro do convencional. Um ônibus normal custa R$ 300 mil, o outro com piso baixo custa R$ 600 mil.” A meta é ampliar, gradativamente, a oferta deste tipo de veículo. “Hoje são dois no corredor de ônibus da (avenida) João Naves de Ávila. Nos próximos corredores que iremos implantar – serão mais quatro corredores-, vamos aumentar a oferta de ônibus com piso baixo”, afirmou o secretário.
Sistema ainda requer aprimoramentos
Deficiente físico, mestre em Engenharia Civil na área de transporte pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência (Compod), Gilmar Rabelo, afirma que a posição de Uberlândia é de vanguarda no que tange à acessibilidade, no entanto, ainda há melhorias para serem implantadas.
“Não podemos pensar só nos ônibus quando falamos em transporte público. Temos que pensar o transporte como um todo. As calçadas são um complemento e hoje há muita dificuldade para o deficiente andar por elas”, afirmou Rabelo.
Para os deficientes visuais e auditivos, também há limitações quanto às orientações sobre os itinerários e horários. “Falta essa adequação com uma programação audiovisual para os deficientes auditivos e visuais”, afirmou o especialista.
A assistente social da Aparu (Associação dos Paraplégicos de Uberlândia), Denise Resende Faria, disse que outro problema é a única vaga para a cadeira de rodas nos ônibus do SIT. “Tem gente que trabalha e, quando há dois ou mais deficientes no ponto, só um embarca. Muitos que fazem atividades aqui na Aparu e que também trabalham acabam chegando atrasados no serviço quando isso acontece”, disse.
“Este foi um aspecto que fez com que a Settran nos procurasse para solucionar. A intenção é fazer com que haja mais de um local para a cadeira de rodas em linhas com demandas elevadas”, afirmou o presidente do Compod, citando o campus da Educação Física da UFU, como um dos destinos mais procurados pelos cadeirantes.
Dados são escassos
O poder público municipal de Uberlândia e as entidades de apoio aos deficientes não têm dados precisos sobre a quantidade de pessoas com deficiência em Uberlândia. “O Censo do IBGE servirá para isso”, afirmou a assistente social da Associação dos Paraplégicos de Uberlândia (Aparu), Denise Resende Faria. O presidente do Compod também considera as estimativas atuais defasadas.
A reportagem do CORREIO de Uberlândia entrou em contato com as assessorias da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) à procura de dados sobre a cobertura de frota acessível no transporte público de outras cidades brasileiras. No entanto, ambas as entidades não têm dados oficiais sobre a cobertura nacional.
Em março, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu reportagem mostrando a dificuldade que os deficientes enfrentam em capitais brasileiras para pegar ônibus urbano. A produção do programa teve que recorrer aos sindicatos das empresas de cinco capitais das regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Sul para levantar os dados sobre acessibilidade no Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), São Luís (MA), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS).
A cidade que teve o maior percentual de frota acessível foi a capital goiana com 79%. “Fizemos um levantamento das principais cidades brasileiras em agosto deste ano para ver qual era o percentual de acessibilidade das frotas e Uberlândia foi a primeira no Brasil a ter 100%”, afirmou o secretário de Trânsito e Transportes (Settran), Paulo Sérgio Ferreira.
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/ (14/09/2010)
Referência: Rede Saci
Veja também nesse blog:
Uberlândia cidade exemplo de acessibilidade
Boa Vera, parese que o Brasil esta a tomar o outro rumo á nivel de pessoas com deficiencia á nivel dos trnsporte.
Beijo Vera, cuida-te.
Nelson
É um processo demorado, mas ainda chegaremos lá…
Beijos, meu amigo!
Sou cadeirante e parabenizo o transporte coletivo adaptado.Entretanto é necessário mais veículos de piso baixo que circule nas estações,só dois é insuficiente.Pego essa linha uma vez por semana e chego a ficar mais de hora esperansdo por ele,que só tem duas vagas para cadeira de rodas.
Também nos pontos de ônibus deve-se fazer as rampas.
Certo de sua atenção agradeço.