Uso a cartola para não acharem que a porta do carro abriu sozinha”, diz porteiro anão
Com 1,30 metro de altura, o mineiro radicado em São Paulo José Luiz da Rocha atua como porteiro de um hotel de luxo e faz sucesso entre os hóspedes
Nasci em Pirapora, no norte de Minas, e moro em São Paulo há 14 anos. Meus oito irmãos já tentaram a vida aqui, mas não gostaram. São todos “grandes”, o mais alto com 1,82 metro, e eles não aguentaram a correria. Eu, que saí pequenininho (1,30 metro), adoro essa agitação. Minha função é organizar a entrada e saída de hóspedes e visitantes do hotel. Os colegas de trabalho querem ficar perto de mim, porque, mesmo com esse tamanho, chamo muita atenção. Das mulheres principalmente.
Descobri pela internet que o hotel estava com uma vaga de porteiro. Não viram problema com minha altura, não. Ao contrário: providenciaram fraque, sapato social (número 36) e carrinho de bagagem sob medida.
Tem como não ficar com a autoestima lá em cima vestindo uma roupa desenhada pelo estilista Alexandre… como é mesmo o sobrenome dele? Isso mesmo: Herchcovitch? Uso a cartola porque, quando chegam carros maiores e mais altos, a pessoa não me enxerga e leva um susto com a porta que “abre sozinha”.
Não consigo carregar as malas, mas tenho os mensageiros. Já recebi gente importante aqui. Teve o (primeiro-ministro italiano Silvio) Berlusconi, um xeque árabe cujo nome não lembro, a atriz Susana Vieira. Ela me achou o máximo, tirou foto e tudo. Essa situação é bem comum. Os gringos vivem me pedindo para posar com eles. Não sei falar as “linguagens” deles, mas percebem que estou brincando com o coração aberto e abrem um sorrisão.
Trabalho das 12h às 20h e volto de condução para a Vila Madalena, onde moro. Levo uma rotina normal. A maior dificuldade são os degraus do ônibus. Já a porteira Mara, que trabalha comigo e tem 1,70 metro, sofre com outro problema: alguns homens se constrangem de vê-la abrindo a porta para eles.
Já fiz várias coisas artísticas: eu era a tartaruga da Copa do Mundo, em 2002; participei de pegadinhas do Programa do Gugu (fazia “o sombra” das pessoas na rua); gravei o clipe “Famosa”, da Claudia Leitte… Estou acostumado com o improviso, sabe? Aqui no hotel, algumas curiosas vêm cheio de papinho, mas sei que é cantada mesmo. Atualmente não estou namorando, só tenho ficante. E não sou pai, não. É que “de menor” não deve fazer filho (risos).
Fonte: http://revistaepocasp.globo.com/
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