Virador de páginas manipula livros para deficientes
Virada cultural
Engenheiros da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um virador de página eletrônico para pessoas com comprometimento da funcionalidade dos membros superiores.
O sistema, projetado pela terapeuta ocupacional Samira Mercaldi Rafani, é um recurso de Tecnologia Assistiva, que substitui a habilidade motora do usuário na realização da leitura.
O custo do equipamento é inferior aos dispositivos importados existentes no mercado brasileiro.
“O virador é um dispositivo elétrico que folheia as páginas de um material impresso após um comando feito pelo usuário em um acionador adequado às suas habilidades motoras”, conta Samira. “É possível que pessoas com pouquíssimo movimento de braços e mãos possam efetuar o acionamento”.
Deficiência financeira
O estudo mostra que, em dezembro de 2010, havia cinco modelos de viradores sendo comercializados, porém nenhum fabricado no Brasil, com preços variando entre US$ 1.550,00 e US$ 5.425,00.
“O custo não é compatível com a realidade socioeconômica da maior parte dos brasileiros”, ressalta a pesquisadora. “O protótipo atendeu as necessidades essenciais para leitura de material impresso, permitiu ser acionado por leitores com habilidades diferentes e foi construído com baixo custo de materiais, cerca de R$ 171,55”.
Com o auxílio de um cuidador, inicialmente o material de leitura é ajustado na base no protótipo e preso nas laterais por presilhas fixadas nesta base.
“Seleciona-se um acionador adequado às habilidades do usuário, como por exemplo acionadores controlados por movimentos da cabeça, das mãos, dos pés ou de outra parte do corpo”, descreve a pesquisadora. “Posiciona-se o acionador próximo ao usuário e o mesmo controla o momento em que se deseja folhear a página do material”.
Virador de páginas
Leve, portátil e com interface simples de utilização, o protótipo do virador de página apresentou bom nível de efetividade com relação aos custos.
“É possível folhear o material do sentido da direita para a esquerda e mantê-lo aberto no campo de visão do usuário, sem emitir ruídos que interfiram na leitura”, conta Samira. “O sistema pode ser controlado por meio de acionadores adequados às habilidades dos leitores com deficiência física com habilidades diferentes”.
Concluídos os ajustes do mecanismo do sistema, a terapeuta ocupacional pretende realizar novos testes de bancada e com usuários.
“Também há planos para desenvolvimento do produto e comercialização, mas ainda não foram desenvolvidos contatos com empresas interessadas”, aponta. “A meta é que o virador chegue até o usuário final”.
Sistema neuromuscular
Samira lembra que pessoas acometidas por enfermidades que afetam o sistema neuromuscular apresentam alterações no controle motor dos membros superiores, que prejudicam a manipulação de materiais de leitura impressos, como livros, revistas e jornais.
“Muitas vezes esta dificuldade na manipulação impossibilita a realização independente da leitura destes materiais, sendo necessário o auxílio de um cuidador para folheagem das páginas do material, ou do uso de um recurso de Tecnologia Assistiva”, conclui.
Vamos lutar por um direito que a constituição nos ampara.